Restrição aos fretados aumenta congestionamentos em SP, mostram pesquisas
Dados do Metrô e do tráfego de São Paulo demonstram que trânsito piorou sem a circulação dos fretados no centro da capital
Publicado 16/10/2009 - 16h45
A polêmica restrição aos ônibus e vans fretados numa área de 70 km da cidade de São Paulo reacendeu esta semana com a divulgação da média de congestionamentos na capital paulista. Mesmo sem a circulação de fretados, os congestionamentos atingiram a média de 73 km contra 65 km do ano anterior.
Na mesma semana, a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) divulgou que, ao contrário da previsão da prefeitura, não houve aumento no número de usuários nas linhas a partir de 27 de julho, quando passou a vigorar a restrição ao transporte fretado de passageiros.
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Ex-usuária de fretado, Marines Canteras Manolio mora em Santo André (SP) e trabalha como secretária em São Paulo. Ela preferiu comprar um carro depois de tentar, sem sucesso, utilizar o transporte público. “Eu precisaria pegar três conduções de manhã e três à tarde, sem falar que eu ficaria três horas no trânsito, em um ônibus lotado”, descreveu.
As duas pesquisas ilustram, segundo o vereador Chico Macena (PT), os equívocos de avaliação da prefeitura de São Paulo que prometeu reduzir engarrafamentos tirando os fretados das ruas e de dar boas condições aos usuários no transporte público da cidade. “Em breve uma carroça andará mais rápido que os carros. A velocidade média na capital é de 22 km por hora e vai diminuir cada vez mais”, prevê.
Segundo Celso Vieira Rutkowsky, diretor-executivo da Associação das Micro, Pequenas e Médias Empresas de Fretamento e Turismo do Estado de São Paulo (Assofresp), a restrição aos fretados já causou a liquidação de 50% do serviço, com demissões de trabalhadores e devolução de ônibus por falta de condições de pagamento. “Usuários, empresas e toda a população está sendo penalizada pela ação irresponsável da prefeitura”, afirma. “Esperamos que, depois de tudo isso, o secretário de Transportes tenha humildade de rever as restrições impostas”, avalia.
José Ovídio de Sá, coordenador de uma linha que presta serviços a usuários da zona leste da capital, reclama da localização dos bolsões e do aumento do tempo de retorno para casa. “Perdemos os usuários da região da Berrini e de Pinheiros e ainda ficamos muito mais tempo no trânsito”.
“Desde o início avisamos que as pessoas não migrariam para o transporte coletivo porque ele não tem qualidade. Era óbvio que as pessoas optariam por colocar mais carros nas ruas”, relembra Macena.
O parlamentar denuncia que a comissão consultiva criada para opinar e contribuir com a regulamentação dos fretados praticamente não existe. “A comissão não é consultada para nada. A prefeitura aumentou a restrição de circulação em mais 45 vias estruturais e ninguém foi consultado”, alertou. “Falta uma política séria de mobilidade em São Paulo. Os congestionamentos, as pessoas, a poluição está mostrando isso”, defende.
O deputado estadual Orlando Morando (PSDB) defendeu que a prefeitura da capital deveria imediatamente voltar atrás em sua decisão e liberar a entrada dos ônibus fretados dentro da cidade de São Paulo, o que ajudaria a reduzir os veículos em circulação. O PSDB faz parte da base de apoio ao prefeito Gilberto Kassab (DEM), na capital paulista.