A capital paulista amanheceu com sol nesta quinta-feira (15), mas rapidamente o tempo mudou e, no começo da manhã, a chuva já tomava conta da cidade. Em pouco tempo pontos de alagamento surgiram e a cidade entrou em estado de atenção.

O caos em São Paulo nesta quinta não é novidade para a população e será cada vez mais comum constatou o pesquisador do Instituto de Pesquisas Meteorológicas da Unesp (IPMet), Shigetoshi Sugahara. Ao pesquisar o regime de chuvas da capital paulista de 1933 a 2005, o pesquisador detectou que as chuvas em São Paulo estão cada vez mais intensas e frequentes.

Uma das hipóteses para o aumento de chuvas é resultado do efeito da ilha de calor. “A urbanização provoca o aumento da temperatura e muda a circulação dos ventos”, explica. O mesmo efeito é descrito pelo arquiteto e urbanista, Nabil Bonduki: “a excessiva impermeabilização da cidade, mais a redução da arborização cria uma ilha de calor que aumenta a temperatura da cidade e causa chuvas mais intensas”, detalha.

O descontrole urbanístico chegou ao clima ao ponto de São Paulo ter microclimas diferentes com até 8 graus de diferença de uma região para outra. “Se não houver uma mudança radical na postura em São Paulo, a situação vai piorar gradativamente”, afirma Bonduki.

Para ele, a situação da cidade é irreversível. “Não temos outra opção, temos que ter outro modelo, outras prioridades”, dispara. O urbanista considera que é possível mudar a realidade de São Paulo, “se houver vontade política”.

Enchentes

Segundo Sugahara, as enchentes acontecem porque não há superfície adequada para absorver as águas das chuvas. “Cerca de 95% de São Paulo é impermeabilizada. O resultado é que a água para nos lugares mais baixos”, descreve.

O problema, de acordo com Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, não está exatamente nos fenômenos climáticos, mas na falta de estrutura da capital. “As chuvas são normais, mas são um transtorno para o paulistano”. 

Ele alerta que os temporais são comuns em São Paulo. “Independente da presença do El Niño no verão de 2010, São Paulo já tem tendência a temporais”.