Garimpo ilegal

Operação da Polícia Federal mira esquema bilionário de ouro clandestino da Amazônia

Organização criminosa emitia notas fiscais fraudulentas que superaram R$ 4 bilhões em três anos, equivalente a 13 toneladas de ouro ilícito

Divulgação/Polícia Federal
Divulgação/Polícia Federal
A operação de grandes proporções utiliza mais de 100 policiais federais, cinco auditores fiscais e três analistas da Receita

São Paulo – A Polícia Federal continua com a ofensiva contra o garimpo ilegal e o comércio de clandestino de ouro com a Operação Sisaque, deflagrada nesta quarta-feira (15), em conjunto com o Ministério Público Federal e a Receita Federal. O objetivo é “desmontar uma grande organização criminosa de contrabando de ouro extraído de garimpos ilegais da região Amazônica”. A PF cumpre três mandados de prisão e 27 de busca e apreensão.

Os mandados são executados em Belém, Santarém e Itaituba, as três no Pará, e também no Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia, Manaus, São Paulo, Tatuí (SP), Campinas (SP), Sinop (MT) e Boa Vista (RR). Segundo a corporação, é cumprida autorização judicial para sequestro de mais de R$ 2 bilhões de reais dos investigados.

A operação, de grandes proporções, utiliza mais de 100 policiais federais, cinco auditores fiscais e três analistas da Receita Federal. O combate ao ouro clandestino tem como alvo, principalmente, a região de Itaituba.

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O ouro extraído da Amazônia Legal era exportado principalmente por meio de uma empresa sediada nos Estados Unidos, responsável pela comercialização clandestina na Itália, Suíça, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos, com aparente legalidade. Eram criados “estoques fictícios de ouro, de modo a acobertar uma quantidade enorme do minério sem comprovação de origem lícita”, diz a PF.

“Esquentamento” de ouro clandestino

Segundo os policiais, o inquérito que deu origem à operação é de 2021 e foi desencadeado a partir de informações da Receita Federal. Estas “apontavam a existência de uma organização criminosa voltada para o ‘esquentamento’ de ouro obtido de maneira ilegal”, segundo a PF.

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Empresas eram utilizadas para emissão de notas fiscais, simulando regularidade do ouro comercializado e adquirido por outras duas empresas principais, tidas como as líderes da organização criminosa.

Do início de 2020 até o final de 2022, as emissões de notas fiscais eletrônicas fraudulentas teriam sido superiores a R$ 4 bilhões, correspondendo a aproximadamente a 13 toneladas de ouro ilícito.

Os crimes apurados são: adquirir e/ou comercializar ouro obtido a partir de usurpação de bens da União, sem autorização legal e em desacordo com as obrigações importas pelo título autorizativo; pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida; lavagem de capitais; e organização criminosa.

No dia 10, a Polícia Federal deflagrou a Operação BAL, contra lavagem de dinheiro oriundo de garimpo ilegal. A irmã do governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), Vanda Garcia de Almeida, foi um dos alvos da operação. Leia aqui.

Operação tem nome bíblico

O nome da operação de hoje remete a Sisaque, o primeiro faraó e fundador da 22ª dinastia egípcia, que governou em 945-924 a.C. Ele invadiu Israel e levou tesouros da casa de Jeová, Deus de Israel, incluindo escudos de ouro feitos pelo rei Salomão.

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