Pimenta na TVT

Nova política de comunicação inclui democratizar a mídia e fortalecer a EBC

Ministro afirmou que pretende estabelecer “política específica” para o fortalecimento da mídia independente, TVs e rádios comunitárias, além de veículos regionais e periféricos

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Marcello Casal Jr/Agência Brasil
"Não faz sentido" o governo anunciar uma campanha de recadastramento do Bolsa Família na TV a cabo, criticou Pimenta

São Paulo – Em participação no Entre Vistas desta semana, programa da TVT comandado por Juca Kfouri, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, disse que pretende estabelecer políticas que favoreçam a “pluralidade” e a “diversidade” na imprensa brasileira. O objetivo, segundo ele, é reduzir a dependência do governo em relação aos grandes grupos de comunicação, que praticamente monopolizam a distribuição de informações no país. Nesse sentido, o ministro também sinalizou para a necessidade de fortalecer a comunicação pública, em especial a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

“Hoje, no Brasil, a audiência está concentrada de uma forma absolutamente inaceitável, inclusive para o padrão da comunicação mundial. Poucos países no mundo detêm tamanho monopólio. E muitas vezes as empresas que têm o monopólio da TV aberta, têm também TV a cabo, têm jornais, rádios e portais”, criticou o ministro.

Levantamento da ONG Repórteres Sem Fronteiras e pelo Intervozes mostrou que o Brasil apresenta os piores indicadores para a pluralidade na mídia, entre 12 países analisados. O estudo apontou índices elevados de concentração da mídia, especialmente na televisão, em que as quatro principais redes – Globo, SBT, Record e Band – somam 71,1% de toda a audiência do país. Na mídia online, o cenário não é muito diferente. Quatro principais grupos – g1, UOL, R7 e IG – dominam 58,75% da audiência.

“O governo pretende estabelecer uma política de comunicação que busque compreender de forma muito mais eficiente e eficaz a pluralidade que é o Brasil. É um país que tem formas de comunicação diferentes, culturas diferentes, realidades e territórios muito distintos. Então, quando você pensa em uma política de comunicação, não pode pensar como era antigamente”, afirmou Pimenta.

Outra situação inaceitável, de acordo com o ministro, é que recursos federais sirvam para financiar sites e canais que espalham notícias falsas e discurso de ódio, como ocorreu durante a gestão anterior.

Financiamento

Uma das formas de enfrentar o monopólio nas comunicações, de acordo com o ministro, é através da política de publicidade do governo federal. Em 2022, o governo Bolsonaro gastou R$ 392 milhões em publicidade governamental – sem contar os anúncios das estatais. Mais o “grosso” desse dinheiro foi parar na mão dos grandes grupos. Pimenta pretende rever essa política, seguindo novos critérios.

O objetivo é fortalecer a mídia independente, TVs e rádios comunitárias, além de veículos regionais e periféricos. Ele afirmou que “não faz sentido” o governo anunciar uma campanha de recadastramento do Bolsa Família na TV a cabo ou em revistas semanais, por exemplo.

“Se você tem, lá no interior do Piauí, uma determinada comunidade que tem um jornal, um site, e eu quero fazer uma campanha de vacinação ou de recadastramento do Bolsa Família, e que aquela comunidade receba informação do governo, é evidente que tenho que valorizar essa mídia local, regional. É isso que nós temos que fazer. Temos que entender o objetivo de cada informação, de cada campanha”, disse o ministro.

EBC

A EBC, ameaçada de privatização durante o governo Bolsonaro, também é outro projeto “muito importante”, para o ministro da Secom. Ele classificou, por exemplo, a Agência Brasil – controlada pela EBC – como “a mais importante” do país, pois abastece uma infinidade de veículos impressos e sites de notícia em todo o país.

Do mesmo modo, Pimenta disse que a TV Brasil prepara para o próximo mês uma nova programação. Ele quer maior ênfase em conteúdos jornalísticos e esportivos, além de produções audiovisuais que abordem as manifestações culturais do país. Também mais espaço para a programação infantil. Isso porque, após restrições legais à publicidade infantil, as atrações voltadas aos pequenos entraram praticamente em extinção na grade da TV aberta. Ele ainda citou a possibilidade de estabelecer parcerias com TVs e agências universitárias, com o intuito de combater a desinformação no meio científico.

No esporte, ele citou a experiência da TV pública argentina, que comprou os direitos de transmissão da Copa do Mundo do Catar. Assim, qualquer emissora, site ou blog pôde reproduzir o material, inclusive monetizando a transmissão. Nesse sentido, ele também citou parceria recente da TV Brasil com a TVE da Bahia, que adquiriu os direitos de transmissão do Campeonato Baiano. Assim, o clássico entre Bahia e Vitória, transmitido para todo o país, elevou a audiência da TV Brasil, alcançando mais de 1,3 milhão de domicílios, de acordo com medição da Kantar Ibope.

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