Pesquisa de redes sociais

Mesmo após 8 de janeiro anúncios golpistas continuaram a ser veiculados em plataformas do grupo Meta

Estudo de laboratório da UFRJ foi realizado “na esteira dos atos antidemocráticos que levaram à invasão da Praça dos Três Poderes”

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Estudo foi realizado na esteira dos atos antidemocráticos que levaram à invasão da Praça dos Três Poderes

São Paulo – O Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais da UFRJ, NetLab, divulgou esta semana um estudo segundo o qual o grupo Meta – empresa controladora do Facebook – continuou veiculando anúncios golpistas na sua rede, mesmo depois dos ataques golpistas de 8 de janeiro aos edifícios-sede dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A pesquisa encontrou pelo menos 185 conteúdos que contestam as eleições e atacam instituições, e que continuaram a ser impulsionados no Facebook e no Instagram, segundo os pesquisadores.

O estudo foi realizado “na esteira dos atos antidemocráticos que levaram à invasão da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023”, realizando buscas na interface da biblioteca de anúncios da Meta entre os dias 24 e 26 de janeiro por anúncios golpistas. A constatação é de que os esforços declarados da Meta para a remoção de conteúdo antidemocrático e de ataque às instituições e ao processo eleitoral brasileiro foram insuficientes após a eleição.

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“Por golpistas, nos referimos a peças que abertamente contestam a vitória de Lula na eleições de 2022, levantam dúvidas sobre a integridade do processo eleitoral e as urnas eletrônicas, clamam por intervenção militar, convocam, incentivam ou defendem manifestantes para os atos em frente aos quartéis do exército ou quaisquer outros protestos que tivessem como fim a alteração ou questionamento do resultado das eleições”, explica o NetLab.

Categorização e revisão

A categorização do tipo de anúncio, segundo a Meta, é feita pelos próprios anunciantes e revisada pela plataforma com um sistema automatizado e curadoria humana. Em outras palavras, a categorização depende em grande medida da autoidentificação e autodeclaração dos anunciantes. Reavaliações futuras são possíveis, mas sob denúncia dos usuários, por exemplo.

Foram coletados anúncios na interface da biblioteca da Meta a partir das seguintes palavras-chave relacionadas à agenda golpista:

● Exército
● FFAA
● Forças Armadas
● SOSFFAA
● Brazil Was Stolen
● BrazilWasStolen
● Urnas
● Fraude
● Intervenção
● 142
● Artigo 142
● Art 142
● Resistência Civil
● Desobediência Civil
● Supremo é o povo
● Quartéis
● Greve Geral.

Maioria dos anunciantes são de pequeno porte

“A maioria dos anunciantes são páginas de pequeno porte, principalmente usuários comuns. O segundo tipo anunciantes mais frequentes são páginas políticas, que podem estar associadas a diferentes atores, mesmo que de forma não declarada”, afirmam os pesquisadores. “É considerável também a proporção de políticos eleitos ou candidatos, empresas e páginas religiosas, incluindo perfis de lideranças e de instituições religiosas.”

Segundo a pesquisa, entre os anunciantes analisados, dez páginas haviam sido deletadas ou suspensas do Facebook e do Instagram.

Acesse a pesquisa na íntegra aqui.


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