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Política de cotas é fundamental para o Brasil, afirma Lilia Schwarcz

Em participação no programa Entre Vistas, da TVT, professora da USP tratou da importância das cotas raciais para o enfrentamento à desigualdade no país

Arquivo Agência Brasil
Arquivo Agência Brasil
USP, maior universidade do país, foi a última do sistema público a aderir ao sistema de inclusão, a partir de 2018

São Paulo – Racismo e branquitude foram temas presentes na conversa entre Juca Kfouri e Lilia Schwarcz no programa Entre Vistas, na TVT, desta quinta-feira (2). Antropóloga, historiadora, professora da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, Lilia tem se dedicado ao estudo e à defesa das questões de igualdade racial, posicionamento que mudou ao longo dos anos.

Em 2006, foi uma das signatárias do “manifesto contra as cotas raciais”, documento divulgado por diversos intelectuais que se opunham ao projeto de lei das cotas e ao PL do estatuto da igualdade racial. Durante a conversa com Juca Kfouri, a historiadora afirmou que considera a política de cotas, que está completando 10 anos, uma das medidas mais importantes para o enfrentamento da desigualdade no Brasil.

Em 2018, o número de estudantes pretos e pardos nas universidades e faculdades públicas ultrapassou o de brancos pela primeira vez, segundo a pesquisa Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil, publicada pelo IBGE.

“Depois do mito da democracia racial, o segundo mito que foi criado foi o mito da universalidade, ou seja, dos princípios universais. Esses princípios seriam para sociedades universais, o que não é o caso da sociedade brasileira. Eu diria que não é o caso de nenhuma sociedade, mas a sociedade brasileira é marcada pela desigualdade e pela intersecção entre a questão econômica, a questão de gênero e a questão racial. Então, falar em universalismo é construir um segundo mito. As políticas de cotas, que visam desigualar pra depois igualar, e são políticas provisórias, foram e são fundamentais para o Brasil.”

O avanço do fascismo e do nazismo no Brasil e no mundo também pautou a conversa entre Juca Kfouri e a historiadora, antropóloga e professora.

Professora falou sobre a questão das armas no país, com o aumento da violência, e também sobre a atuação do bolsonarismo na política / Foto: Reprodução

Em livro publicado em 2019, Lilia Schwarcz expõe as raízes autoritárias e retrógradas do Brasil, que nos levaram ao resultado das últimas eleições presidenciais. Para a historiadora, Bolsonaro é apenas sintoma de uma sociedade odiosa, que se reflete, por exemplo, na defesa do armamento da população, ainda que sete em cada 10 brasileiros rejeitem a ideia de que as armas trazem maior segurança, conforme pesquisa do instituto Datafolha.

Para ela, essa questão de armamentos levará a um país ainda mais violento. “O Brasil tem níveis epidemiológicos de violência, e num país que vai matar e vai morrer mais. Podemos ver isso nesse caso tão recente nos Estados Unidos”, disse também, referindo-se à série de ataques a tiros no país. “Me preocupa mais o bolsonarismo do que essa figura em especial. Uma das pontas do iceberg é essa política a favor das armas no Brasil.”

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Em seu mais recente livro, de 2020, Lilia Schwarcz, ao lado de Heloisa Murgel, trata de outro capítulo da história: a gripe espanhola. As professoras propõem uma reflexão sobre traços da pandemia de 1918 que se repetem neste século, a partir da crise sanitária enfrentada pelo mundo desde 2020.

O programa Entre Vistas vai ao ar todas às quintas-feiras, às 21h30, e pode ser visto no YouTube. Confira:


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