Misoginia

Justiça mantém condenação de Bolsonaro por ofender jornalista Patrícia Campos Mello

“‘Vitória de todas nós, mulheres”, diz Patrícia. Presidente foi condenado por usar expressão com conotação sexual contra repórter da “Folha”

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Jornalista passou a sofrer ataques do presidente após publicar reportagens sobre disparo em massa de mensagens nas eleições de 2018

São Paulo – Por quatro votos a um, a 8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) manteve a condenação ao presidente da República, Jair Bolsonaro, por ofensas dirigidas à repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo. O valor final da multa foi elevado de R$ 20 mil para R$ 35 mil.

“Uma vitória de todas nós, mulheres”, afirmou Patricia em sua página no Twitter. Ela lembrou que o TJ “decidiu que não é aceitável um presidente da República ofender, usando insinuação sexual, uma jornalista”. O senador Fabiano Contarato (PT-ES) também se manifestou nas redes. Para ele, foi uma vitória judicial da jornalista e do país “conta a misoginia, o machismo e a ojeriza de Bolsonaro à imprensa livre que denuncia seus crimes”.

O único a votar contra a jornalista foi o desembargador Sales Rossi. O mesmo que, em 2018, acatou recurso da defesa do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra contra sua condenação pela morte do jornalista Luiz Eduardo Merlino, ocorrida em 1971 no DOI-Codi de São Paulo.

Esquema de mensagens em massa

Patrícia Campos Mello Bolsonaro
Após receber onde de ataque de apoiadores de Bolsonaro, Patrícia Campos Mello publicou livro sobre o tema (foto: site Manual do Usuário/Reprodução)

Jair Bolsonaro já havia sido condenado em primeira instância, em 2021, após usar a expressão “furo”, um jargão jornalístico, com conotação sexual. O presidente chegou a afirmar que a repórter queria “dar o furo” para obter informações. Patrícia Campos Mello publicou reportagens sobre um esquema de disparo de mensagens em massa contra o PT para favorecer Bolsonaro nas eleições de 2018.

“O Tribunal de Justiça deu um passo na restituição da dignidade da Patrícia, das jornalistas e das mulheres deste país”, afirmou a advogada Taís Gasparian. “A decisao foi técnica e justa.” No início deste mês, o presidente já havia sofrido condenação em primeira instância por ataques a jornalistas. Além das duas derrotas na Justiça, ele é pressionado pelas denúncias de assédio sexual envolvendo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães.

Depois das reportagens, a jornalista passou a ser alvo de mensagens de ódio e ameaças. Os ataques a Patrícia Campos Mello eram coordenados e intensos, por apoiadores de Jair Bolsonaro. Toda essa situação serviu de gancho para a jornalista escrever A máquina do ódio: Notas de uma repórter sobre fake news e violência digital, livro publicado (Companhia das Letras) em 2020. Além de contar em detalhes os ataques digitais que sofre, ela rememora os bastidores da reportagem e faz um raio-x do populismo digital abraçado pela extrema direita, no Brasil e em outras partes do mundo, que parece dominar o debate político atual.

Com informações da Folha de S.Paulo

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