Barbárie em Sergipe

Deputados cobram apuração de morte de homem em ‘câmara de gás’ da PRF

Bancada do Psol na Câmara vai acionar o Ministério Público Federal para que investigue o caso. Já o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) protocolou pedido de informações ao ministro da Justiça, Anderson Torres

Montagem sobre reprodução
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A exemplo do negro George Floyd, morto com o joelho do policial em seu pescoço em 25 de maio de 2020, Genivaldo passou por situação parecida em 25 de maio de 2022, em Sergipe. Mas morreu asfixiado na "câmara de gás" do camburão

São Paulo – Deputados da oposição entraram hoje (26) com medidas para apuração da morte de um homem negro por agentes da Polícia Rodoviária Federal no porta-malas de uma viatura que foi transformada em uma espécie de “câmara de gás”, devido à alta quantidade lançada no interior do veículo em que a vítima foi trancada. A morte de Genivaldo Jesus Santos foi o desfecho de uma abordagem violenta nesta quarta-feira (26), em Umbaúba, no litoral de Sergipe, diante de testemunhas que filmaram as cenas.

A bancada do Psol na Câmara dos Deputados entrou com representação no Ministério Público Federal (MPF). “Genivaldo Santos foi vítima de um crime bárbaro, que causa perplexidade e indignação em todo o país. Essa atrocidade não pode ficar impune e a PRF tem muito a explicar”, disse o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) por meio de sua conta no Twitter.

Já o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) protocolou requerimento de informações ao ministro da Justiça e Segurança Pública. “Fiz questão de perguntar se o uso de câmaras de gás faz parte do protocolo de segurança da PRF”, disse o deputado do federal do PT paulista, também pela rede social.

A morte de Genivaldo na “câmara de gás” da PRF foi confirmada por laudo do Instituto Médico Legal (IML) do estado: asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. O resultado da análise foi confirmado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) na manhã desta quinta (26).

Um sobrinho contou que a vítima transitava de motocicleta pela BR-101, na área urbana de Umbaúba, quando foi abordada. E conforme testemunhas e imagens divulgadas em redes sociais, houve obediência à ordem. As mãos de Genivaldo foram colocadas sobre sua cabeça e houve revista. Porém, foi esboçada uma reação quando os policiais o questionaram sobre cartelas de comprimidos encontradas em seu bolso. Nesse momento, usaram então spray de pimenta para derrubá-lo e imobilizá-lo. Um dos agentes chegou a colocar o joelho em seu pescoço, a exemplo do que aconteceu com o negro George Floyd, no mesmo dia 25 de maio, em 2020. Floyd acabou morto, o que provocou uma onda de protestos nos Estados Unidos e no mundo, levando o policial à prisão, julgamento e condenação.

Após ter o pescoço preso, Genivaldo, que deixou mulher e um filho, foi amarrado e colocado no camburão. Segundo familiares, ele sofria de esquizofrenia e há 20 anos tomava medicamentos controlados.


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