Deputados cobram apuração de morte de homem em ‘câmara de gás’ da PRF
Bancada do Psol na Câmara vai acionar o Ministério Público Federal para que investigue o caso. Já o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) protocolou pedido de informações ao ministro da Justiça, Anderson Torres
Publicado 26/05/2022 - 17h02
São Paulo – Deputados da oposição entraram hoje (26) com medidas para apuração da morte de um homem negro por agentes da Polícia Rodoviária Federal no porta-malas de uma viatura que foi transformada em uma espécie de “câmara de gás”, devido à alta quantidade lançada no interior do veículo em que a vítima foi trancada. A morte de Genivaldo Jesus Santos foi o desfecho de uma abordagem violenta nesta quarta-feira (26), em Umbaúba, no litoral de Sergipe, diante de testemunhas que filmaram as cenas.
A bancada do Psol na Câmara dos Deputados entrou com representação no Ministério Público Federal (MPF). “Genivaldo Santos foi vítima de um crime bárbaro, que causa perplexidade e indignação em todo o país. Essa atrocidade não pode ficar impune e a PRF tem muito a explicar”, disse o deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) por meio de sua conta no Twitter.
Já o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) protocolou requerimento de informações ao ministro da Justiça e Segurança Pública. “Fiz questão de perguntar se o uso de câmaras de gás faz parte do protocolo de segurança da PRF”, disse o deputado do federal do PT paulista, também pela rede social.
A morte de Genivaldo na “câmara de gás” da PRF foi confirmada por laudo do Instituto Médico Legal (IML) do estado: asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. O resultado da análise foi confirmado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) na manhã desta quinta (26).
Um sobrinho contou que a vítima transitava de motocicleta pela BR-101, na área urbana de Umbaúba, quando foi abordada. E conforme testemunhas e imagens divulgadas em redes sociais, houve obediência à ordem. As mãos de Genivaldo foram colocadas sobre sua cabeça e houve revista. Porém, foi esboçada uma reação quando os policiais o questionaram sobre cartelas de comprimidos encontradas em seu bolso. Nesse momento, usaram então spray de pimenta para derrubá-lo e imobilizá-lo. Um dos agentes chegou a colocar o joelho em seu pescoço, a exemplo do que aconteceu com o negro George Floyd, no mesmo dia 25 de maio, em 2020. Floyd acabou morto, o que provocou uma onda de protestos nos Estados Unidos e no mundo, levando o policial à prisão, julgamento e condenação.
Após ter o pescoço preso, Genivaldo, que deixou mulher e um filho, foi amarrado e colocado no camburão. Segundo familiares, ele sofria de esquizofrenia e há 20 anos tomava medicamentos controlados.
Genivaldo Santos foi vítima de um crime bárbaro, que causa perplexidade e indignação em todo país. Essa atrocidade não pode ficar impune e a PRF tem muito a explicar. Nós da bancada do PSOL vamos acionar o MPF por uma investigação rigorosa. Justiça por Genivaldo!
— Ivan Valente (@IvanValente) May 26, 2022
🚨Acionei o Ministério da Justiça, nesta quinta-feira, para cobrar do ministro Anderson Torres informações sobre o assassinato de Genivaldo de Santos Jesus, asfixiado pela polícia. Fiz questão de perguntar se o uso de câmaras de gás faz parte do protocolo de segurança da PRF.
— Alexandre Padilha (@padilhando) May 26, 2022