Democracia e desenvolvimento

Dilma pede união para Brasil retomar caminho do desenvolvimento social

Em participação no ‘Fórum Social Mundial – Justiça de Democracia’, ex-presidenta Dilma Rousseff conclamou a unidade das forças populares para a restauração do Brasil

Reprodução/Youtube
Reprodução/Youtube
Dilma: "É preciso se organizar. Sem isso não temos força suficiente para reagir”

São Paulo – A ex-presidenta Dilma Rousseff defendeu ontem (27) a unidade das forças populares em torno de uma estratégia para o restabelecimento da democracia e da retomada do caminho do desenvolvimento social no Brasil. Sem pedir abertamente o voto ou citar o nome do pré-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma falou que “há uma alternativa no campo popular” e que “depende de nós, no processo eleitoral”, modificar a grave situação que o país passa desde sua derrubada do poder, em 2016.

“É preciso se organizar. E ter organização nada mais é do que ter estratégia para fortalecer sua posição e para alterar o que se quer alterar no campo político. Caso contrário, presidentes populares vão continuar caindo”, disse, citando o exemplo de forças populares que se uniram em torno de nomes como Andrés Manuel López Obrador, eleito presidente do México em 2018, e Gabriel Boric, que assumiu o governo chileno em março. Ambos sucederam governos de direita em seus países e para isso contaram com forte aliança com os movimentos populares. “Sem isso não temos força suficiente para reagir.”

Dilma lembrou que é preciso um governo forte, com apoio popular, para revogar medidas adotadas a partir de 2016, que trouxeram prejuízos principalmente à classe trabalhadora. É o caso da Emenda Constitucional (EC) 95, do Teto de Gastos, que congela investimentos federais na área social, incluindo saúde, educação, previdência e assistência.

A política de aumento dos combustíveis, atrelada à variação do dólar, é outra questão que precisa ser revista o quanto antes, segundo ela. “Trata-se de um mecanismo de reajuste que interessa apenas aos importadores e acionistas minoritários da Petrobras”, disse.

O debate, que teve como tema “As vítimas do Sistema de Justiça”, inspirou a presidenta a falar também sobre a violência da ditadura que ela conheceu de perto, sobre os “cadáveres escondidos”, que escondem com eles os corpos e a tortura. Em uma metáfora com o golpe sofrido, que desencadeou uma série de retrocessos sociais, disse que no seu caso não havia “golpe, mas sim pedalada fiscal”. A violência da ditadura, aliás, foi abordada também quando Dilma criticou o arremedo de justiça, atrasada, que houve no Brasil. A Comissão da Verdade, instaurada durante o seu governo, foi “uma pálida retomada à verdade de um país”, avaliou.

“Mas não se pode só se conhecer. Tem de ser fazer justiça de transição e não fizemos. Por isso quando Jair Bolsonaro elogia a ditadura, não encontra obstáculo do povo, porque não se tem consciência. Por isso digo que a justiça que tarda falha”.

O primeiro debate do Fórum Social Mundial – Justiça de Democracia (FSMJD) contou ainda com a participação da advogada indígena Fernanda Kaingáng; a militante do grupo Mães de Manguinhos, Ana Paula Oliveira; o jornalista Luís Nassif; e a advogada e mãe de Marielle Franco, Marinete Franco. A mediação foi de Tania Maria de Oliveira, da Executiva Nacional da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia e integrante do comitê facilitador do FSMJD.

Confira a íntegra da mesa


Leia também


Últimas notícias