Crimes

Conflitos no campo: mais assassinatos, violência e trabalho escravo em 2021. Resistência também cresceu

Relatório da CPT registra alta de 95% no número de assassinatos e crescimento de 1.100% nas mortes em conflitos, quase todas em território Yanomani

Reprodução/Montagem RBA
Reprodução/Montagem RBA
Relatório da CPT aponta aumento da violência no setor rural em 2021

São Paulo – O balanço de conflitos no campo em 2021, divulgado nesta segunda-feira (18) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), mostra mais assassinatos de trabalhadores rurais, maior número de mortes e crescimento dos registros de trabalho escravo. Em síntese, ainda mais violência, embora haja também mais resistência, na forma de ocupações. Os conflitos envolveram 164.782 famílias – 17.706 ameaçadas de despejo.

Assim, segundo os dados do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc-CPT), foram registrados 35 assassinatos no ano passado, 95% a mais do que em 2020. Desse total, 28 (80%) ocorreram na área da chamada Amazônia Legal. Foram 11 apenas em Rondônia e nove no Maranhão. Foram assassinados nove sem-terra, ante dois no ano anterior (alta de 350%). Entre o total de vítimas, estão cinco LGBTI, sendo quatro sem-terra (uma mulher e três homens) e um jovem indígena.

As mortes em consequência de conflitos no campo passaram de nove, em 2020, para 109, crescimento de 1.100%. E 101 foram em território Yanomani em Roraima, “em decorrência da ação de garimpeiros”. O relatório registra ainda 13 trabalhadores torturados (aumento de 44%) e 75 agredidos (mais 39%).

Trabalho escravo

Além disso, a fiscalização encontrou 1.726 trabalhadores em situação análoga à escravidão. O número mais que dobrou ante 2020 (113%), em um total de 169 casos no meio rural.

Os dados da CPT mostram também 304 conflitos pela água em 2021, envolvendo 56.135 famílias. Segundo o relatório, o maior número de casos foi na Bahia: 80. Houve crescimento de 41% de casos no Nordeste e 18% na região Norte.

Já as ocupações e retomadas cresceram 72% no ano passado, de 29 para 50. O total de famílias envolvidas chegou a 4.761, aumento de 242%.

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