Atos no #8M

No Dia da Mulher, cidades amanhecem sob protestos contra violência e por ‘Bolsonaro Nunca Mais’

Camponesas também realizaram ocupações por “terra, trabalho e pelo direito de existir”

Gustavo Marinho/BdF
Gustavo Marinho/BdF
Concentração do 8 de março em Maceió (foto), na manhã desta quarta. s dezenas de cidades que aderem aos atos "Pela Vida das Mulheres, Bolsonaro nunca mais!"

São Paulo – Entre as dezenas de cidades que aderem aos atos “Pela Vida das Mulheres, Bolsonaro nunca mais”, nesta terça, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, mais de 20 municípios já estavam mobilizados pela manhã para cobrar “Um Brasil sem machismo, sem racismo e sem fome”. Em Maceió, a concentração teve início por volta das 8h, na Praça dos Martírios, na região central, ocupada por mulheres de movimentos sociais do campo e da cidade, partidos e organizações populares. 

Segurando cartazes, as ativistas protestaram por emprego, saúde e educação e bradaram palavras de ordem: “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”. Segundo a Marcha Mundial das Mulheres, as ruas de Palmas, no Tocantins, também amanheceram “pintadas de resistência feminista”. As ativistas destacaram em faixas que, durante a pandemia de covid-19, “nem em suas casas as mulheres ficaram seguras”. Além disso, lembraram de outra dimensão da violência de gênero, contra mulheres que disputam espaço na política

Atos pelo país

O protesto enfatizou, contudo, “que se depender de nós, (mulheres de Palmas), Bolsonaro nunca mais”. Reivindicações pela vida das mulheres e contra o presidente da República também pautaram as manifestações em São Miguel do Oeste e Chapecó, em Santa Catarina. Assim como em Garanhuns, no agreste de Pernambuco, que contou com participação expressiva das trabalhadoras do campo por “um Brasil sem violências”. Também houve protesto em Goiânia.

Em Feira de Santana, na Bahia, o Dia Internacional da Mulher teve início com um café da manhã produzido por trabalhadoras rurais. A manhã seguiu com uma marcha da Prefeitura até a Câmara dos Vereadores. Movimentos sociais, partidos políticos e estudantes também acompanharam o protesto. 

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Feira de Santana (BA) realizou um dos vários atos do Dia da Mulher do país (Foto: Levante Popular da Juventude)

As mulheres da cidade de Registro, no Vale do Ribeira, em São Paulo, também deram seu recado neste 8 de março cobrando “um país sem fome, miséria e violência machista”. Em Sergipe, atos também foram realizados na capital, na Reserva das Mangabeiras, e Neópolis, no povoado de Pinboba.  Em Campo Grande, as mulheres também foram às ruas em defesa da vida e dos direitos em manifestação que teve início às 8h. O município de Sant’Ana do Livramento, Rio Grande do Sul, também protestou no Parque Internacional. Por volta das 11h, as mulheres saíram em marcha até a Praça General Osório, onde realizaram panfletagem. 

Jornada por Terra, Trabalho e Direitos

Mulheres camponesas também marcaram este dia de luta com ocupações em diferentes estados. Em Porto Alegre, as trabalhadoras do campo ocuparam o pátio da secretaria de Agricultura para reivindicar medidas concretas em relação à estiagem na região. A ação delas garantiu uma audiência com a secretária Silvana Covatti, de acordo com informações do Brasil de Fato. No município de Jussari, na Bahia, cerca de 100 mulheres do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam também a fazenda Botafogo. 

Segundo o MST, trata-se de uma área improdutiva de 313 hectares. A ação também faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Terra, iniciada ontem (7), com o lema “Terra, trabalho e direito de existir. Mulheres em luta não vão sucumbir”. Sem terra e quilombolas também ocuparam as ruas do Palácio Anchieta em Vitória nesta terça. Em Santa Quitéria, no Ceará, trabalhadoras rurais e mulheres indígenas também protestaram pela manhã contra a exploração da mina de urânio e fosfato pelo grupo Itataia. A manifestação contou com a participação de cerca de 250 mulheres. 

Há mais de 100 quilômetros de Santa Quitéria, em Amontada, mulheres do MST também denunciaram grandes projetos de empreendimentos na região. Principalmente os parque eólicos, offshore na costa cearense, em que segundo elas, pode acabar com a pesca artesanal e causar “grandes males à população costeira e marinha”. Mulheres da região Amazônica do Maranhão, Tocantins e Pará também ocuparam a sede da Usina Hidrelétrica do Consórcio Estreito Energia (Ceste-MA), onde também denunciaram os impactos da abertura de comportas que deixaram famílias sem casas e assistências, conforme protocolaram em documento. 

Atos de solidariedade e de luta no Dia da Mulher

Mas, além de denunciar o que descrevem como “crimes do sistema capitalista patriarcal”, as mulheres também protagonizaram ações de solidariedade nos primeiros atos do Dia da Mulher. Em Foz do Iguaçu, as acampadas dos Acampamentos Sebastião Camargo (São Miguel do Iguaçu) e Chico Mendes (Matelândia) doaram sangue para suprir o estoque da região. 

Camponesas e camponeses do munícipio de Ariquemes, em Rondônia, também doaram sangue em um ato de “valorização da vida”. Na segunda, mulheres sem terra também partilharam 150 quilos de alimentos saudáveis em Paranacity, no noroeste do Paraná.

Os atos pelos Dia das mulheres seguem ao longo da tarde e à noite em outras 30 cidades brasileiras.

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Ação de solidariedade em Foz (Foto: Dilce Noronha/BdF)