CRIME

Monark defende existência de partido nazista. Entidades pedem boicote de patrocinadores

Apresentador do podcast ‘Flow’ disse que se uma pessoa quiser ser contra os judeus, tem o direito de ser

REPRODUÇÃO/FLOW
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Na manhã desta terça-feira (8), a fala de Monark viralizou negativamente nas redes sociais. Alvo de críticas, milhares de internautas, ativistas, políticos e personalidades condenaram as afirmações do podcaster

São Paulo – O apresentador do podcast Flow, Bruno Aiub, conhecido como Monark, defendeu a existência de um partido nazista no Brasil – e que fosse “reconhecido por lei”. A fala do podcaster resultou em muitas críticas nas redes sociais. A afirmação foi feita ontem (7), durante uma entrevista com os deputados federais paulistas Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB).

“A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião. Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei”, disse Monark. Na sequência, ele foi rebatido por Tabata, que afirmou que o nazismo coloca a população judaica em risco. “Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco coloca a vida do outro. O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco”, disse a deputada.

Na sequência, Monark desdenha da fala e questiona como o nazismo coloca os judeus em risco. “De que forma isso acontece? Quando o nazismo é uma minoria, não põe”, afirmou. Depois, o apresentador insistiu e disse que “se um cara quisesse ser anti-judeu, eu acho que ele tinha o direito de ser”.

No Brasil, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89, é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo. Caso seja caracterizado o ato de divulgar ou comercializar materiais com ideologia nazista, a pena pode variar entre um a três anos de prisão e multa.

Cobrança

Na manhã desta terça-feira (8), a fala de Monark viralizou negativamente nas redes sociais. Alvo de críticas, milhares de internautas, ativistas, políticos e personalidades condenaram as afirmações do podcaster. O Instituto Brasil-Israel e o grupo Judeus pela Democracia usaram as redes sociais para cobrar empresas patrocinadoras do podcast Flow.

“É sério que vocês vão continuar patrocinando quem diz que ‘tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei’ e que ‘se o cara quiser ser um anti-judeu, eu acho que ele tinha direito de ser’?”, questionou o instituto à loja de roupas Insider.

Já o coletivo Judeus pela Democracia também usou as redes sociais para cobrar os patrocinadores por uma ação. “Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão”, tuitou o grupo, que sugeriu a mobilização do Sleeping Giants, movimento de consumidores contra o financiamento do discurso de ódio e notícias falsas, para pressionar os patrocinadores do Flow.

Em seguida, eles também criticaram o deputado Kim Kataguiri que, durante o programa, disse ser “contra a criminalização do nazismo”. “O Kim Kataguiri, por sua vez, é contra a criminalização do nazismo. Para ele, apoiar e fazer apologia ao ódio, à perseguição e à execução de judeus e outras minorias não deveria ser crime. É isso mesmo ou o vídeo está editado?”, perguntaram.

“Direto para a cadeia”

Essa não é a primeira vez que o apresentador se envolve em polêmica. No final do ano passado, Monark foi alvo de críticas e boicote após dizer que defende a “liberdade de um sujeito ser racista”. O novo caso novamente resultou em revolta nas redes sociais e tornou o assunto mais falado no Twitter Brasil.

O vereador de Porto Alegre Matheus Gomes (Psol) afirma que o nazismo é crime e é ideologia de ódio. “Na Alemanha, Monark estaria preso e o podcast acabaria. No Brasil, onde os grupos extremistas cresceram mais de 200% nos últimos anos, ele segue solto, patrocinado por grandes empresas e com microfone aberto pra falar absurdos. Inaceitável!”, criticou em seu Twitter.

O historiador e pré-candidato ao governo de Pernambuco pelo PCB, Jones Manoel, associa a fala de Monark ao ultra-liberalismo brasileiro. “Quem defende chacinas, violência policial, ‘polícia atirar para matar’, ‘atirar na cabecinha’, torturas nos presídios e outras barbaridades é adepto de um programa fascista à brasileira. Não é coincidência o ultra-liberalismo terminar como apologia ao nazismo”, tuitou.

A comunicóloga Ashley Malia enfatizou que o apresentador cometeu um crime. “Defender o nazismo é crime. Não existe ponto de vista possível pra enxergar isso como liberdade de expressão. Achar que as pessoas devem ter o direito de ser antissemitas e racistas é violação séria de direitos humanos. Num país sério, Monark sairia do estúdio direto pra cadeia”, disse ela.

O jornalista Gabriel Vaquer afirmou que influenciadores como o apresentador do Flow precisam perder a relevância que adquiriram. “Com este caso de apoio ao Nazismo, espero que finalmente a gente coloque Monark nas profundezas de onde nunca deveria ter saído. E que ele pague forte pela apologia clara o Nazismo que fez. Que perca no bolso”, defendeu.


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