Desistências

‘Flow Podcast’ perde patrocinadores, post pró-nazismo sai do ar; Monark se ‘desliga’

Após avalanche de críticas, marcas decidiram romper com o programa, e convidados cancelaram participações. “Eu estava bêbado”, tentou justificar o apresentador

Reprodução Flow Podcast
Reprodução Flow Podcast
"Fui defender uma ideia que é uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, nos EUA por exemplo", tentou justificar o apresentador Monark

São Paulo – Patrocinadores anunciaram nesta terça-feira (8) que romperam com o podcast Flow, após o apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, defender a existência de um partido nazista no Brasil. As marcas atenderam a inúmeras manifestações nas redes sociais e também de organizações judaicas, que criticaram as declarações. Até o momento, a marca esportiva Puma, o aplicativo de delivery Ifood, a Flash Benefícios, a Mondelez (dona da marca de chocolates Lacta) e a Federação Carioca de Futebol não vão mais apoiar o programa.

Como justificativa ao tentar se defender, Monark alegou que estava bêbado quando fez as declarações. “Fui defender uma ideia que é uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, nos EUA por exemplo, mas fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bêbado”, disse em vídeo nas redes sociais.

A Puma Brasil foi a primeira a se pronunciar. “Discordamos e repudiamos veementemente as declarações e ideias expressas durante o último Flow Podcast. Elucidamos ainda que não somos patrocinadores do podcast, tendo feito no passado somente uma ação pontual e isolada.”

Da mesma forma, o Ifood também buscou se distanciar. “(A empresa) Não mantém mais relação comercial com o Flow. Nossa decisão de encerrar o patrocínio com o podcast foi tomada, de forma definitiva, em novembro de 2021”.

Além disso, a Flash Benefícios anunciou “o encerramento formal e imediato de nossa relação contratual com os Estúdios Flow”. A empresa declarou que “nasceu fazendo parte de um movimento que busca trazer mais liberdade e impactos positivos para a sociedade”.

Fora do ar

Similarmente, a Mondelez explicou que patrocinou apenas “pontualmente” dois episódios do Flow Podcast. A empresa disse que não compactua com qualquer tipo de discriminação e reafirmou seu “compromisso é com a liberdade e o respeito entre as comunidades e os consumidores”.

A Federação de Esporte e Futebol do Rio de Janeiro, igualmente, anunciou o rompimento do contrato com o Estúdios Flow, responsável pelo podcast Flow Sport Club, que transmitia jogos do Campeonato Carioca de 2022, por “apologia ao nazismo”. A entidade também alegou ser “defensora da igualdade, do respeito e contrária a qualquer tipo de preconceito”.

Depois de um explosão de repercussões negativas, o episódio acabou sendo retirado do ar e a empresa informou que seu protagonista foi “desligado”. “Reforçamos nosso comprometimento com a democracia e os direitos humanos. Assim, o episódio foi tirado do ar em todas as plataformas. Comunicamos também a decisão de que, a partir deste momento, o youtuber Bruno Aiub (@monark), está desligado dos estúdios Flow”, diz comunicado divulgado há pouco.

Cancelamentos

Personalidades que participariam do Flow Podcast também anunciaram o cancelamento das entrevistas, após as declarações de Monark. Foi o caso, por exemplo, do técnico e ex-jogador Zico. “Meu pai iria sim participar hoje à tarde do Flow Sports Club, mas ele cancelou assim que assistiu ao vídeo. Não precisou muito”, escreveu Júnior Coimbra, filho do ídolo do Flamengo e da seleção brasileira.

Também o comentarista dos Canais ESPN Antony Curti, especialista em futebol americano, cancelou sua participação. “Ante o que aconteceu ontem, não irei ao Flow Sport Club na sexta-feira”, afirmou pelas redes sociais.

O comentarista e apresentador esportivo Benjamin Back, de origem judaica, também solicitou que a sua participação no Flow Sport Club fosse retirada do ar. “Se eu soubesse que vcs apoiam o nazismo, jamais teria participado desse podcast! Inclusive, gostaria que o meu episódio fosse retirado do ar, pois não compactuo com esse tipo de pensamento!”, tuitou.

Pressão

Durante entrevista com os deputados federais paulistas Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB), ontem (7), Monark disse que “a esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical”. E emendou: “Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei”. Disse ainda que, ao serem minoria, os nazistas não colocam os judeus em risco. “Se um cara quisesse ser anti-judeu, eu acho que ele tinha o direito de ser”.

O Instituto Brasil-Israel e o grupo Judeus pela Democracia usaram as redes sociais para cobrar empresas principalmente as patrocinadoras do programa. “É sério que vocês vão continuar patrocinando quem diz que ‘tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei’ e que ‘se o cara quiser ser um anti-judeu, eu acho que ele tinha direito de ser’?”, questionou o instituto à loja de roupas Insider.

Já o coletivo Judeus pela Democracia também usou as redes sociais para cobrar os patrocinadores do Flow e de Monark por uma ação. “Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão”, tuitou o grupo.


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