Danos sem redução

Pesquisa investiga políticas de drogas aplicadas na Cracolândia

Ações da prefeitura de São Paulo na área mudam de políticas de trabalho, renda e moradia para policiamento ostensivo e repressor

Agência Brasil
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Ouvir os usuários da Cracolândia é uma diretriz fundamental para as políticas adotadas para a área, defendem os movimentos sociais

São Paulo – Uma pesquisa realizada pela ‘Iniciativa Negra Por Uma Nova Política Sobre Drogas’ avalia como o poder público municipal de São Paulo tem orientado, ao longo dos anos, suas políticas por meio da destinação de recursos para gerir o território e as pessoas que habitam e transitam pela Cracolândia.

A pesquisa é feita a partir de dois programas. O primeiro é o De Braços Abertos, implementado pela gestão de Fernando Haddad, em 2014.

Já o segundo programa, é o Redenção, criado em 2017 pela gestão de João Doria (PSDB), que descontinuou o programa do ex-prefeito do PT.

Os dois programas se assemelham ao envolver diferentes áreas de políticas públicas e setores do governo.

Por outro lado, eles se diferem na forma de atuação, explica Amanda Caroline Rodrigues, assistente de pesquisa da iniciativa negra.

Ela afirma que durante a gestão Haddad, “muitas das premissas usadas para essa política pública estava pautada mais na redução de danos, na garantia de trabalho, renda e moradia, além do acesso à saúde e tudo o mais”.

“Já com o programa Redenção, o foco é a questão de ordem social, segurança pública e saúde, como seus principais eixos”, diz também.

A pesquisa mostra, ainda, que o foco da atual gestão municipal na região da Cracolândia tem sido a atuação ostensiva, sem metas de investimento e inovação na área, apenas com o objetivo de reduzir o número de usuários de substâncias psicoativas a partir de ações de policiamento.


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Amanda comenta que, apesar das mudanças das últimas gestões da prefeitura, desde João Doria, passando por Bruno Covas e, agora, com Ricardo Nunes no executivo, a atuação do programa “Redenção” continua focada no patrulhamento ostensivo na região da Cracolândia.

Ouvir os usuários é o primeiro passo para que o poder público construa políticas de drogas mais efetivas. É o que enfatiza Maria Angélica Comis, coordenadora geral do centro de convivência ‘É de Lei’, ONG que atua, desde 1998, na promoção da redução de danos associados ao uso de drogas.

Ela também chama a atenção para necessidade do poder público estar presente em territórios, como a Cracolândia, sem violência, o contrário do que acontece atualmente.

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