Tragédia

Bahia tem 21 mortos e 136 cidades em emergência. Saiba como ajudar

A situação no estado se agrava, com aumento no número de mortos, feridos e desabrigados e um socorro federal insuficiente para obras emergenciais. Enquanto isso, Bolsonaro permanece em férias no litoral de Santa Catarina

Reprodução/Youtube BBC
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Segundo Corpo de Bombeiros, há previsão de mais chuvas na região sul da Bahia

São Paulo – O número de mortos devido às fortes chuvas no sul da Bahia subiu para 21 nesta terça-feira (28). E o de desabrigados ou desalojados totalizam 77.092, segundo a Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), órgão do governo baiano. São 34.163 os desabrigados, ou seja, pessoas que perderam suas casas e necessitam de apoio do governo. E 42.929 que estão desalojados, abrigados em casas de parentes ou pessoas conhecidas. Ao todo, 471.786 pessoas foram afetadas pelas fortes chuvas. O número de feridos se mantém inalterado desde segunda-feira (27), com 358 pessoas. E 136 cidades estão sob decreto de situação de emergência.

O governador Rui Costa (PT) informou que o Corpo de Bombeiros da Bahia emitiu alerta sobre o perigo de enchentes para as próximas horas nos municípios de Itambé, Canavieiras, Mascote e Cândido Sales. A orientação é que os moradores das áreas de risco, como encostas e regiões ribeirinhas, deixem suas casas e sigam em direção aos abrigos.

As chuvas no sul da Bahia devem durar ainda alguns dias, até o início da primeira semana do ano, quando passam a perder intensidade. No entanto as previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmetro) não são boas para outras regiões do país. Segundo o instituto, ligado ao Ministério da Agricultura, chuvas fortes devem passar a atingir estados do Sudeste já a partir desta semana. Tempestades já começaram a causar alagamentos e estragos na Região mMetropolitana de São Paulo, sobretudo no ABC.

Recursos insuficientes para a Bahia

“Fiz um apelo por mais recursos para a recuperação das rodovias federais que foram destruídas pelas chuvas na Bahia. A portaria que liberou R$ 200 milhões para esta finalidade é para todo o país. Deste valor, a parcela destinada aos estados do Nordeste foi de R$ 80 milhões”, declarou hoje o governador (PT), por meio de sua conta no Twitter. “Fica aqui o meu pedido para que sejam enviados mais recursos, especificamente para a Bahia. A extensão de área e a população afetada aqui é muito maior e os baianos necessitam desse auxílio.”

Autoridades falam na necessidade de R$ 2 bilhões para recompor os prejuízos econômicos, sociais e na infraestrutura do estado. No entanto, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, disse ontem que R$ 15 milhões foram disponibilizados inicialmente para atender municípios da Bahia e que “quase R$ 50 milhões estariam em vias de serem liberados”.

Bomba relógio

De acordo com o biólogo Moisés Borges, o baixo empenho financeiro e a lentidão do governo federal em agir aumentam o drama dos atingidos. “O auxílio anunciado pelo governo não chega a R$ 500 por pessoa afetada. Não paga um aluguel. Há municípios que estão 80% debaixo d’água. Quanto antes se começar a agir, mais rapidamente famílias e municípios poderão se recuperar”, afirma.

Segundo Borges, é preciso despolitizar a conduta em meio a uma tragédia. “A vida das pessoas é muito mais importante do que as disputas partidárias e ideológicas”, alerta ele, em entrevista a Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual na manhã desta quarta-feria (29).

O especialista, que é integrante dos Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), afirma ainda que o Brasil é forte candidato a futuras tragédias. “O país tem catalogadas 23 mil barragens, mas 20 mil delas não tem passado por nenhum processo de fiscalização”, revela. Isso porque, de acordo com Borges, as equipes técnicas da Agência Nacional de Águas (ANA) vêm sendo reduzidas desde 2016.

“E o processo só piorou a partir de Bolsonaro. Não o potencial de desastres no Brasil 23 mil barragens. 20 mil não são fiscalizadas. Desde 2016 a equipe técnica vem sendo reduzida. Com Bolsonaro piorou”, afirma. “Dizem os defensores que as barragens evitam enchentes, mas desde que sejam fiscalizadas e seguras. Estamos diante de uma bomba relógio.”

Jet ski da Marinha para diversão do presidente

Em suas redes socias, Bolsonaro escreveu: “Determinei edição de MP de Crédito Extraordinário, no valor de R$ 200 milhões, a fim de viabilizar, no DNIT, a reconstrução de infraestruturas rodoviárias danificadas pelas chuvas nos estados da Bahia (mais afetado), Amazonas, Minas Gerais, Pará e São Paulo”.

Em férias no litoral de Santa Catarina depois de uns dias de descanso no Guarujá (SP), o presidente Jair Bolsonaro assinou nesta segunda-feira (27) a Medida Provisória 1.086, liberando 200 milhões para o Ministério da Infraestrutura prestar socorro financeiro aos estados. O contraste entre os recursos, insuficientes, e a diversão cara do presidente, diante de uma tragédia como a enfrentada pelo povo baiano, despertou críticas. O tema chegou a ser o mais comentado nas redes sociais, com a hastag #BolsonaroVagabundo.

Ontem, o presidente da república posou para fotos usando jet ski da Marinha do Brasil para se divertir e se aproximar de supostos apoiadores.


Como ajudar

Diversas campanhas estão sendo realizadas para ajudar as vítimas das enchentes. As famílias atingidas pelas chuvas precisam de alimentos, água, medicamentos, colchões, roupas, produtos de higiene e limpeza. O Governo do Estado criou uma conta bancária para doações em dinheiro. Os recursos serão utilizados para a compra de itens básicos, como geladeiras e fogões, que serão destinados àquelas pessoas que foram afetadas pelas fortes chuvas.

Para doar

Bahia Estado Solidário
CNPJ 13.420.302/0001-60
Banco do Brasil 001 Ag. 3832-6 (Setor Público) Conta Corrente 993.602-5
Doação via PIX: CNPJ da Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado (Sudec) 13.420.302/0001-60

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