Liberdade de imprensa

Site ‘Viomundo’ pede doações para bancar condenação em ação movida por médica

Há mais de 15 anos no ar, site corre riscos diante das dificuldades impostas pelos custos de R$ 20 mil em processo judicial de 2015

Arquivo EBC
Arquivo EBC
Em 2013, profissionais cubanos chegaram ao Brasil para participar do programa Mais Médicos. Apesar de levar atendimento em saúde aos rincões do Brasil e às periferias das grandes cidades, foram hostilizados pela maior parte dos colegas brasileiros

São Paulo – Nos idos de 2015 o Brasil já vivia um tanto do ódio destilado pela elite contra a esquerda e os programas sociais dos governos dos ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. E o site Viomundo está sofrendo, ainda hoje, as consequências dessa raiva que ainda corrói a sociedade brasileira. Uma condenação judicial de R$ 20 mil está colocando em risco o site e todo o importante trabalho jornalístico que realiza. Por isso, o Viomundo lançou uma campanha de doações, para angariar o valor relativo às custas de um processo movido, àquela época, por uma médica.

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“À época, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) — as duas principais entidades médicas do País – estavam em campanha feroz contra o governo Dilma Rousseff. O corporativismo e questões ideológicas gritavam altíssimo”, lembra o site no texto da campanha de doações. “Rejeitavam o extinto Programa Mais Médicos, notadamente os profissionais cubanos, e a abertura de novas faculdades de medicina. A campanha do CFM e da AMB obteve apoio maciço da categoria pelo Brasil afora.”

O Viomundo menciona também algo que quase todos vivemos à época: a maneira como a campanha extrapolou até atingir a relação médico-paciente. E foi isso que acabou levando à ação judicial que condenou o site e a jornalista Conceição Lemes, autora da reportagem que levou à condenação.

A história

“Uma doutora aproximou-se da beira do leito de um paciente internado. Ele havia infartado, era dependente de álcool e pobre. Aguardava transferência para outro hospital, onde faria exames”, relata o Viomundo. “A mesma doutora afirmou que ele estava ali, porque Dilma havia cortado leitos hospitalares. No mesmo momento, sua filha que o acompanhava indignou-se: achava que hospital não era lugar para se fazer política. Então, resolveu denunciar. Justamente por intermédio dela que soubemos do caso.”

O site entrevistou a filha, a médica, consultou o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).Enfim, chegou todos os fatos antes de publicar a reportagem. Mas a médica, alegando exposição da imagem entrou com a ação que incluía também a filha do paciente. Ela, no entanto, não foi mais encontrada.

“Isso é frequente com pessoas de baixa renda, já que se mudam muito dos seus locais de moradia”, avalia o Viomundo. “A filha acabou sendo citada por edital e nós ficamos nas mãos da Justiça, que deu ganho de causa à doutora, uma vez que nos faltou a filha, nossa testemunha-chave e única”, explica. 

“Precisamos angariar R$ 20 mil o mais rápido possível para que não calem as nossas vozes. E para que verdade continue sendo dita através do nosso site. Para isso, contamos antecipadamente com todas e todos vocês. Nossos profundos agradecimentos, desde já. Cada centavo seu vale, não se esqueça jamais.”