MST ocupa Samarco no aniversário do crime ambiental
Rompimento da barragem do Fundão, que matou 19 pessoas, completa seis anos sem reparação
Publicado 05/11/2021 - 11h59
São Paulo – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou, na manhã desta sexta-feira (5), a entrada da mineradora Samarco, em Mariana (MG). A data de hoje marca os seis anos do rompimento da barragem de Fundão, pertencente à empresa, que matou 19 pessoas na região.
Cerca de 500 trabalhadores sem-terra, juntamente com o Levante Popular da Juventude e o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), realizam a manifestação. Com o lema “O lucro não vale a vida”, a ação teve como objetivo denunciar o modelo de mineração no país, “cuja impunidade tem sido a marca diante dos crimes cometidos por empresas como a Samarco, a Vale e BHP no estado de Minas Gerais”.
Modelo nocivo
A tragédia matou 19 pessoas, varreu o distrito de Bento Rodrigues e poluiu o Rio Doce, afetando também 23 assentamentos do MST. Segundo o movimento, 1.480 famílias instaladas ao longo do curso d’água foram atingidas.
O coordenador do MST Silvio Netto afirmou que o crime da Samarco em Mariana e o rompimento da barragem de Brumadinho, também em Minas, em janeiro de 2019, que matou 272 pessoas ao todo, mostram como o modelo de mineração atual resulta em graves problemas.
“É importante ressaltarmos que esse modelo de mineração cria problemas ambientais e sociais, gera baixa arrecadação aos municípios, cria dependência e empregos que oferecem risco a toda a população mineira. Enquanto isso, toda a riqueza explorada beneficia o capital estrangeiro, materializado em empresas como a Samarco, a Vale e a BHP”, criticou.
Seis anos de descaso
Desde o crime ambiental cometido pela Samarco, produtores rurais do município de Mariana denunciam que não estão recebendo a alimentação adequada para a criação de animais. Isso tem levado ao adoecimento e morte de animais, prejuízos financeiros e destruição de uma das principais atividades econômicas da região, a pecuária.
“Vamos ficar aqui até que as mineradoras ou o governo nos deem uma resposta. Seis anos depois da tragédia, não houve reparação. Os moradores de Bento Rodrigues continuam sem casa. E os nossos assentamentos à beira do Rio Doce já não conseguem plantar, nem pescar, nem criar animais por causa dos impactos da lama”, afirmou Netto.
Em 28 de outubro, o Ministério Público de Minas Gerais informou que pretende fechar o acordo de reparação pela tragédia de Mariana em fevereiro do próximo ano. Segundo o MP, o pacto será inspirado no de Brumadinho, ratificado em fevereiro deste ano. A ação inicial do Ministério Público, ajuizada há seis anos, previa a quantia de R$ 155 bilhões, mas a cifra deve variar com a aplicação de correções.
Em 2016, como mitigação, o MP de Minas e a empresa acordaram o pagamento, às famílias que perderam renda, do auxílio financeiro emergencial, em um salário mínimo, mais 20% por dependente menor, além do valor de uma cesta básica. Atualmente, a administração do recurso e o pagamento desse direito está sob responsabilidade da Renova, uma fundação criada em 2016, vinculada às mineradoras.