IMPUNIDADE

MST ocupa Samarco no aniversário do crime ambiental

Rompimento da barragem do Fundão, que matou 19 pessoas, completa seis anos sem reparação

Agatha Azevedo
Agatha Azevedo
Cerca de 500 trabalhadores sem terra, juntamente com o Levante Popular da Juventude e o Movimento pela Soberania Popular na Mineração realizaram a manifestação

São Paulo – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou, na manhã desta sexta-feira (5), a entrada da mineradora Samarco, em Mariana (MG). A data de hoje marca os seis anos do rompimento da barragem de Fundão, pertencente à empresa, que matou 19 pessoas na região.

Cerca de 500 trabalhadores sem-terra, juntamente com o Levante Popular da Juventude e o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), realizam a manifestação. Com o lema “O lucro não vale a vida”, a ação teve como objetivo denunciar o modelo de mineração no país, “cuja impunidade tem sido a marca diante dos crimes cometidos por empresas como a Samarco, a Vale e BHP no estado de Minas Gerais”.

Modelo nocivo

A tragédia matou 19 pessoas, varreu o distrito de Bento Rodrigues e poluiu o Rio Doce, afetando também 23 assentamentos do MST. Segundo o movimento, 1.480 famílias instaladas ao longo do curso d’água foram atingidas.

O coordenador do MST Silvio Netto afirmou que o crime da Samarco em Mariana e o rompimento da barragem de Brumadinho, também em Minas, em janeiro de 2019, que matou 272 pessoas ao todo, mostram como o modelo de mineração atual resulta em graves problemas. 

“É importante ressaltarmos que esse modelo de mineração cria problemas ambientais e sociais, gera baixa arrecadação aos municípios, cria dependência e empregos que oferecem risco a toda a população mineira. Enquanto isso, toda a riqueza explorada beneficia o capital estrangeiro, materializado em empresas como a Samarco, a Vale e a BHP”, criticou.

Seis anos de descaso

Desde o crime ambiental cometido pela Samarco, produtores rurais do município de Mariana denunciam que não estão recebendo a alimentação adequada para a criação de animais. Isso tem levado ao adoecimento e morte de animais, prejuízos financeiros e destruição de uma das principais atividades econômicas da região, a pecuária.

“Vamos ficar aqui até que as mineradoras ou o governo nos deem uma resposta. Seis anos depois da tragédia, não houve reparação. Os moradores de Bento Rodrigues continuam sem casa. E os nossos assentamentos à beira do Rio Doce já não conseguem plantar, nem pescar, nem criar animais por causa dos impactos da lama”, afirmou Netto. 

Em 28 de outubro, o Ministério Público de Minas Gerais informou que pretende fechar o acordo de reparação pela tragédia de Mariana em fevereiro do próximo ano. Segundo o MP, o pacto será inspirado no de Brumadinho, ratificado em fevereiro deste ano. A ação inicial do Ministério Público, ajuizada há seis anos, previa a quantia de R$ 155 bilhões, mas a cifra deve variar com a aplicação de correções.

Em 2016, como mitigação, o MP de Minas e a empresa acordaram o pagamento, às famílias que perderam renda, do auxílio financeiro emergencial, em um salário mínimo, mais 20% por dependente menor, além do valor de uma cesta básica. Atualmente, a administração do recurso e o pagamento desse direito está sob responsabilidade da Renova, uma fundação criada em 2016, vinculada às mineradoras.


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