Popular

Dom Angélico, símbolo do movimento pelos direitos humanos, ganha documentário e biografia

Lançamento será feito neste sábado pela manhã, na zona leste de São Paulo, com a presença do religioso

Jailton Garcia
Jailton Garcia
Aos 88 anos, religioso segue 'ativo e indignado', segundo biógrafo

São Paulo – Evento neste sábado (27) na zona leste paulistana, a partir das 10h, marca o lançamento do documentário Dom Angélico e o Grito do Povo. A obra retrata a trajetória de Dom Angélico Sândalo Bernardino, 88 anos, uma das referências no movimento pelos direitos humanos no Brasil. O documentário, além de uma biografia multimídia, são iniciativa do Instituto Vladimir Herzog (IVH).

A biografia (confira aqui) inclui textos do jornalista e escritor Camilo Vannuchi, além de fotografias e áudios gravados pelo próprio bispo. Já o documentário é dirigido por Rodrigo Siqueira, com legendas, audiodescrição e tradução em Libras. Ontem (25), eles falaram sobre o religioso e sobre o trabalho à apresentadora Adriana Natali, no Jornal Brasil Atual.

Filme e bate-papo

No sábado, depois da exibição do filme, está previsto um bate-papo com a presença de dom Angélico, de Camilo Vannuchi e Rodrigo Siqueira. Também participam o padre Paulo Bezerra, de Itaquera, o advogado e militante Edilson Monteiro, da União Nacional por Moradia Popular, a pesquisadora Renata Eleutério, do Centro de Pesquisa e Documentação Histórica (CPDOC) Guaianás, e representantes de movimentos sociais. Além deles, o diretor executivo do IVH, Rogério Sottili, e a professora Maria Victoria Benevides, conselheira do instituto. O evento será no campus Itaquera da Faculdade Santa Marcelina (rua Cachoeira Utupanema, 40, Vila Carmosina).

A zona leste foi escolhida para o lançamento por ser a região onde dom Angélico atuou durante muito tempo. Camilo lembra que ele segue “ativo e indignado”. Ex-coordenador da Pastoral Operária, o religioso foi ordenado bispo em 1975 por dom Paulo Evaristo Arns, com quem trabalhou por mais de duas décadas.

O jornalista destaca ainda a atuação marcante de dom Angélico em movimentos de moradia, saúde e creche, principalmente nos anos 1970 e 1980. Também são lembrados momentos marcantes e particularmente difíceis da resistência contra a ditadura, como as mortes do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, e do metalúrgico Santo Dias, em 1979.

Comunicação popular

A atuação na zona leste é também o foco do documentário, conta Rodrigo. “Dom Angélico, nas primeiras ocupações, já tinha uma visão de vanguarda dos movimentos de moradia. Não só ocupar, entender que as necessidades não são só quatro paredes e um teto, mas pavimentação de rua, esgoto, creche, transporte, posto de saúde. Entre outras coisas, usando a educação e a comunicação para fazer esse tipo de organização.”

O cineasta destaca ainda a preocupação de dom Angélico com a comunicação popular. “Ele fundou jornais, a cada ocupação já cuidava de criar uma ‘rádio corneta’ nas comunidades.”


Leia na Revista do Brasil

Os caminhos de dom Angélico nas ruas de seu país


Confira entrevista de Camilo Vannuchi à Rádio Brasil Atual: