No Anhangabaú

‘Fora Bolsonaro’ mantém ato de 7 de setembro em SP. ‘Decisão de Doria é autoritária’

Governador decide vetar manifestação no centro da capital paulista, mas movimentos apontam “jogo político” e favorecimento a movimentos antidemocráticos

Elineudo Meira/@Fotografia.75/Fotos Públicas
Elineudo Meira/@Fotografia.75/Fotos Públicas
Os movimentos acusam de Doria de fazer um "jogo político" ao incentivar que os tradicionais atos em 7 de setembro sejam transferidos para o domingo seguinte (12)

São Paulo – A Campanha Nacional Fora Bolsonaro confirmou que vai manter o ato contra o governo de Jair Bolsonaro no próximo dia 7 de setembro no Vale do Anhangabaú, na região central da cidade de São Paulo, contrariando decisão do governador João Doria (PSDB). Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (26), representantes dos movimentos populares e sindicais e do Grito dos Excluídos mantiveram a data e repudiaram a posição do governador, que na segunda-feira (23) decidiu tirar o Grito da Avenida Paulista, onde é realizado sucessivamente há anos. Movimentos sociais classificaram a postura de Dória como “autoritária” e “inconstitucional”. 

Os movimentos populares acusam Doria de fazer “jogo político”, ao decretar que manifestações de 7 de setembro sejam transferidos para o domingo seguinte (12). “O dia 12 não está em questão”, garantem os organizadores da Campanha.

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Doria declarou ainda que, no dia 7 de setembro, está vetada a realização de atos dos movimentos populares contra Bolsonaro em todo o estado. Segundo ele, por razões de segurança, a Secretaria de Segurança Pública decidiu que só será permitido o ato favorável ao presidente da República. A proibição chamou atenção da Campanha Fora Bolsonaro. “Manifestação é um direito garantido pela Constituição. Não é porque ele (Doria) se esconde no Palácio que ele é imperador”, contestam. 

Jogo político

O coordenador nacional da Central dos Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, afirmou ser “muito estranha” a “insistência do governador em ceder o dia 7 de setembro a grupos golpistas”. A data está em disputa desde que o Bolsonaro transferiu o ato em prol de seu governo da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para a capital paulista, há algumas semanas. O que foi visto como uma tentativa de esconder a queda de apoio popular que poderia ficar evidente no número de manifestantes. 

Desde então, Doria definiu que apenas os bolsonaristas poderão se manifestar na Avenida Paulista, embora tradicionalmente ela seja palco do Grito dos Excluídos e sempre em 7 de setembro. O movimento chega a sua 27ª edição neste ano e se soma aos protestos contra o governo federal. “Estamos fazendo um ato democrático e ele cede para gente que quer fazer violência, o que inclusive é vetado pela Constituição”, destacou Raimundo Bonfim. “Queremos defender a democracia e o Doria, que se diz da oposição, cede a cidade para que golpistas possam pedir intervenção militar, entre outras coisas”. 

Decisão inconstitucional

Durante a coletiva, representantes dos movimentos populares afirmaram que a decisão de abrir mão da Avenida Paulista ocorreu sob protestos. Mas o grupo acabou concordando que não daria para ter dois atos no mesmo local. A decisão foi tomada em conjunto com a centena de entidades que formam a campanha nacional pelo Fora Bolsonaro na noite da quarta (25). O grupo garantiu inclusive já ter se reunido com a prefeitura de São Paulo para tratar da segurança dos manifestantes. Segundo eles, o município assumiu o compromisso de conceder o local para o ato. 

Ainda não houve uma discussão sobre o trajeto. Mas a campanha Fora Bolsonaro informou também já ter comunicado a Polícia Militar sobre a realização do protesto e reivindica que o governador cumpra com as atribuições legais. “Que não pode impedir a realização de outro ato. Isso é inconstitucional. É atribuição do Estado promover a segurança dos manifestantes”, frisou o coordenador do CMP. 

Redação: Clara Assunção


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