Câmara do MPF repudia declaração de dirigente da Funai sobre violência contra indígenas
Segundo o Ministério Público, em vez de apaziguar as relações, coordenador regional “age para incentivar o conflito armado”
Publicado 25/07/2021 - 19h16
São Paulo – A Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério Público Federal (MPF) repudiou declaração que incita violência a povos que habitam a Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas. Segundo notícias veiculadas nos últimos dias, o coordenador local da Funai, Henry Charlles Lima da Silva, sugeriu ações contra os moradores, afirmando que iria “meter tiros nos (indígenas) isolados”.
Em nota, a Câmara do MPF manifestou “seu mais veemente protesto contra a violenta ameaça” e demonstrou preocupação em relação à segurança de todos os povos que habitam na região. “A Terra Indígena Vale do Javari abriga o maior número de indígenas em situação de isolamento voluntário em todo o mundo: há, ao menos, 16 registros de povos isolados. É também território de outros povos indígenas como os Kanamari, Korubo, Kulina Pano, Marubo, Matis, Matsés e Tsohom-dyapa, alguns dos quais de recente contato”, lembra o Ministério Público.
O órgão afirma ainda que, pela “grande importância étnica e cultural da região”, a Funai deve agir no sentido de “proteger e promover os direitos dos ovos indígenas”, como determina o Decreto 9.010, de 2017. Nesse sentido, a fala do coordenador regional, além de revelar desconhecimento sobre a própria fundação em que trabalha, “difunde falsas informações aceca dos povos indígenas isolados”.
Dessa forma, em vez de apaziguar as relações entre povos isolados e demais indígenas, o responsável pela Funai “estimula a violência e age para incentivar o conflito armado, invocando inclusive a imagem de uma guerra”. Por isso, diz ainda o MPF, a unidade de Tabatinga (AM) está adotando “medidas cabíveis”, além de acompanhar o possível conflito.