Desgoverno

Artistas pelo impeachment de Bolsonaro lançam música e manifesto

Artistas fazem novo movimento para pressionar Congresso e gravam clipe com a música “Desgoverno”, de Zeca Balero e Joãozinho Gomes

REPRODUÇÃO
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Ainda durante o ato virtual, foi apresentada a música 'Desgoverno', composta por Zeca Baleiro e Joãozinho Gomes. A gravação reuniu cantores, instrumentistas, atores e ativistas de várias regiões do país

São Paulo – Músicos e atores apresentaram novo pedido de impeachment de Jair Bolsonaro, na última quinta-feira (15), com adesão de mais de 30 mil assinaturas. Além disso, foi lançado um manifesto contra o descaso do governo federal na pandemia e a falta de políticas públicas para para proteger a população mais vulnerável da crise econômica. Em ato virtual, o coletivo Artistas pelo Impeachment reuniu nomes como Aílton Graça, Julia Lemmertz, Matheus Nachtergaele, Roberta Estrela DÀlva, Fabiana Cozza, Letícia Sabatella, Zélia Duncan e Zahy Guajajara, entre outros, participaram do evento, que entregou o documento a parlamentares e pediu empenho pela abertura do processo de impeachment.

O ator Matheus Nachtergaele afirma que o impeachment de Bolsonaro é a chance de o país olhar para a frente. “O Brasil é múltiplo e merece uma chance de ser o país que imaginamos que um dia seríamos. Se esse governo permanecer, pode ser tarde demais. Seria bonito se esse presidente fosse afastado de seu cargo por um desejo genuíno da população. É um pedido muito necessário e que está sufocando nossas gargantas há tanto tempo”, afirmou.

Aílton Graça lembrou que o governo Bolsonaro colocou o país novamente no mapa da fome e permitiu a alta do desemprego. “É preciso lutar contra tudo isso. Esse ser que ousa ocupar o cargo da presidência é um Messias sombrio, um pregador das trevas que quer o nosso fim e dançar sobre cadáveres. Ele debochou das vítimas de covid-19 e, agora, tem a suspeita de ter negociado sobre essas vidas. Impeachment já para Jair Bolsonaro”, defendeu.

Desgoverno

Durante o ato virtual foi apresentada a música Desgoverno, composta por Zeca Baleiro e Joãozinho Gomes. A gravação reuniu cantores, instrumentistas, atores e ativistas de várias regiões do país, como André Abujamra, Andrea Horta, Bárbara Paz, Camila Pitanga, Chico Salem, Denise Fraga, Oléria, Elisa Lucinda, Fabiana Cozza, Julia Lemmertz, Letícia Sabatella e Zélia Duncan.

Nos versos, os artistas criticam o negacionismo e o genocídio promovido pelo governo Bolsonaro.

É preciso calar a negação
Nós estamos em épocas sombrias
Mas no fim desse túnel há clarão
Um homem sem juízo e sem noção 
não pode governar esta nação"

Os artistas também apresentaram um manifesto alertando para a condução do barco comandando por Bolsonaro, “que naufraga”, e apontam o impeachment como a solução imediata ao Brasil.

Confira o manifesto na íntegra

Quando o Titanic afundou, em 1912, a humanidade perdeu 1.500 vidas numa única noite. A catástrofe, por suas gigantescas dimensões, é lembrada até hoje. Já nos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono, em 11 de setembro, perdemos 2.996 vidas. Ambas, catástrofes de repercussão mundial.

Atualmente assistimos, de maneira estranhamente naturalizada a um número maior de perdas diárias. Se pudessem ser enfileirados, os mortos pela COVID-19, apenas no Brasil, formariam um inacreditável corredor capaz de cobrir uma vez e meia a distância entre a Terra e a Lua. Estamos no epicentro mundial da Pandemia e seguimos em clara progressão. Os números do mês de abril ultrapassaram todas as métricas mundiais e a tendência é de piora no quadro. Todos os dias o país afunda, desaba, morre sufocado.

O comandante deste barco que naufraga, e segue em direção aos recifes, tem nome e sobrenome conhecidos: Jair Messias Bolsonaro.

Diversas medidas poderiam ter sido tomadas para reduzir o número de mortes, mas não foram. A estratégia seguiu direção contrária. O descaso e a negação das conquistas cientificas continuam sendo incentivados. Com isto aumenta a cada dia o número de vidas humanas perdidas. Ou seja, vivemos sob a tutela de um governo criminoso que, por diligência engendrada e condução irracional da crise sanitária, causa um número de óbitos muito superior ao que seria o inevitável.

E a pergunta feita todos os dias por milhares de brasileiros estarrecidos – já que nesse momento a soma de mortes diárias supera os nascimentos – é: O que estamos esperando? O Brasil tem instrumentos para começar a estancar esta mortandade, de imediato. Para a atual tragédia há um remédio. O impeachment! Já enfrentamos diversas lutas inomináveis na história. Vencemos várias delas através de um instrumento único e fundamental: a participação popular que pressupõe a democracia.

Mais de 100

O descaso e a ineficiência do governo no combate à pandemia são motivo mais do que suficientes para um pedido de impeachment, mas não os únicos. Muitas das ações anti republicanas do atual mandatário também devem ser levadas em consideração. A atual condução da política econômica, por exemplo, tem levado milhões de pessoas em estado de vulnerabilidade a buscar formas de sobrevivência nas ruas, sendo expostas à pandemia de forma cruel. Eis a verdade. A política do atual governo as enxerga como pessoas descartáveis.

A democracia, hoje, não é uma abstração, é uma afirmação da cidadania e uma convocação à vida. O Congresso Nacional tem em seu poder mais de CEM PROCESSOS de impeachment aguardando apreciação. Nós convidamos a nação brasileira a um PLEITO ÚNICO, urgente e fundamental para que tenhamos a possibilidade de enxergar um futuro através da discussão pública e ampla do processo de impugnação do atual mandato da presidência da república.

O presidente da Câmara e os congressistas têm que colocar em discussão imediata o assunto, já que este é o desejo maior de grande parte da sociedade brasileira. Não podemos mais assistir impassíveis a essas manobras macabras e irresponsáveis que nos fazem perder, diariamente, milhares de vidas humanas para a Covid-19 através de calculado genocídio. Isto posto, nós infra-assinados, NOS JUNTAMOS A TODOS OS PEDIDOS DE IMPEACHMENT agora em tramitação no Congresso Nacional. Na certeza de que a representação legislativa cumpra a vontade popular.


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