Omissão e impunidade

Conflitos agrários cresceram 57,6% desde o início do governo Bolsonaro

Segundo a Comissão Pastoral da Terra, nos dois primeiros anos foram registrados os maiores números de disputas por terra desde 1985

Reprodução MST
Reprodução MST
Por não garantir direitos ou abusar da força policial, governos estão entre os maiores causadores de violência no campo

São Paulo – Os conflitos agrários no Brasil nunca foram tão numerosos como nos dois primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro. Em 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19, o total de conflitos foi de 2.054, envolvendo 914.144 pessoas, das quais foram 18 assassinadas. Esse é o maior número de conflitos por terra registrado desde 1985, quando a Comissão Pastoral da Terra (CPT) começou a fazer o monitoramento. Na segunda colocação ficou o ano de 2019, com 1.903 conflitos, 898.635 pessoas envolvidas e 32 assassinatos. Em 2020 os conflitos agrários foram 25% mais numerosos que no primeiro ano do governo Bolsonaro e 57,6% comparado a 2018.

De 2019 para cá tiveram destaque as invasões, com 121.267 famílias envolvidas; a grilagem de terra, com 41.283 ações; e os desmatamentos ilegais, que se avolumaram, com 25.654. Os dados constam do relatório Conflitos no Campo Brasil 2020, divulgado hoje (31) pela CPT. É a 35ª edição do relatório que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas por agricultores, indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais do campo, das águas e das florestas.

Mais conflitos

Além disso, houve aumento acentuado da média de famílias impactadas por “invasão” e “grilagem”, na ordem de 260,6% e 108,6%, respectivamente. Um dado assustador, segundo os autores, é que de todas as famílias afetadas em invasões de terras, 56% são indígenas.

Chama atenção também que mais que dobrou o número (102,85%) de famílias que tiveram seus territórios invadidos na comparação de 2019 para 2020. “O Estado, por sua vez, mantém-se como um coadjuvante de luxo nessa tragédia, a interpretar o assecla dos agentes da violência, a quem beneficia com a impunidade, além de perseguir e criminalizar aqueles que lutam pelo direito à terra, ao território e à vida digna no campo, nas águas e nas florestas”, diz trecho do relatório.


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