Sem terrinha e educação

Stedile a Bolsonaro: ‘Só fascistas preferem milicianos a professores’

Militante histórico do MST rebateu mais uma ameaça feita por Bolsonaro de fechar escolas dos sem terrinha

Rovena Rosa/Agência Brasil
Rovena Rosa/Agência Brasil
Stédile defendeu com argumentos as escolas do MST

São Paulo – O economista João Pedro Stedile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) respondeu a mais uma ameaça de Jair Bolsonaro de fechar escolas rurais estruturadas em assentamentos. Desta vez, a agressão às escolas dos sem terrinha veio diretamente do presidente, na noite quinta-feira (29) durante sua transmissão semanal. Na manhã seguinte, Stedile respondeu: “O capetão insano vociferou que se ‘pudesse’ fecharia todas as escolas de crianças sem terrinha. Disse que as escolas são financiadas por governadores de esquerda. O capetão é ignorante e fascista. Só fascistas preferem milicianos a professores”, postou, no Twitter.

Stedile seguiu sua resposta a Bolsonaro: “Há no Brasil mais de 5 mil assentamentos, quase todos têm uma escola de ensino fundamental como manda a lei, implantada pela prefeitura municipal que contrata os professores e aplicam o programa do MEC. Espero que a burguesia que inventou o capetão crie vergonha. Espero que a CPI da Pandemia analise todos os crimes que ele cometeu. Os familiares dos 400 mil mortos merecem e a sociedade precisa”.

Ilações

Na transmissão de quinta, Bolsonaro disse, sem provas, que as escolas “treinam militantes, hasteiam a bandeira vermelha todo dia e cantam a internacional socialista. Se você falar em verde e amarelo, apanha lá dentro”, afirmou. “Se eu pudesse acabava com essas escolas dos sem terrinha”, acrescentou, segundo a Revista Fórum. Não é a primeira vez que a gestão de Bolsonaro ameaça as escolas do MST. Em janeiro de 2019, o secretário especial de Assuntos Fundiários, Luiz Antônio Nabhan Garcia, já havia feito ameaça semelhante, ao qualificar as escolas como “fabriquinhas de ditadores”.

Mais de 2 mil escolas

O MST tem a educação como preocupação prioritária, e defende a construção coletiva de práticas educativas “na direção de um projeto social emancipatório”, que tenha os trabalhadores como protagonistas. A construção de uma escola ligada à vida das pessoas, que torne o trabalho socialmente produtivo, a luta social, a organização coletiva, a cultura e a história como matrizes organizadoras do ambiente educativo escolar, com a participação da comunidade e auto-organização dos educandos e educandas, e dos educadores e educadoras”, relatam, no site oficial do movimento.

Ao todo, o movimento já levantou mais de duas mil escolas, todas públicas, dando acesso a cerca de 200 mil crianças, adolescentes, jovens e adultos. Desse modo, proporcionou a alfabetização de 50 mil adultos, formação técnica a 2 mil estudantes e ofereceu mais de 100 cursos de graduação em parceria com universidades públicas por todo o país.

Stedile a Bolsonaro
Divulgação / Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
Stedile a Bolsonaro: Brasil mais de 5 mil assentamentos, quase todos têm uma escola

Como se fosse pouco, o MST criou ainda o conceito das escolas itinerantes, “para garantir o direito à educação das crianças, adolescentes, jovens e adultos em situação de itinerância, enquanto estão acampados”, De acordo com o movimento, “o barraco da escola itinerante é construído antes do barraco de moradia e tem também a função de se converter em um centro de encontros de toda comunidade acampada”.


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