LUTA POR SOBREVIVÊNCIA

Movimento social realiza manifestação contra fim do auxílio emergencial

Nesta terça-feira (23), moradores de ocupações de diferentes regiões do país fizeram atos para protestar pela volta do benefício

MLB/INSTAGRAM
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Na capital de São Paulo, o ato teve concentração no centro, em frente à Prefeitura, e seguiu em marcha até a agência da Caixa Econômica Federal, na Praça da Sé

São Paulo – Para reivindicar o retorno do auxílio emergencial, integrantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) organizaram uma manifestação nacional. O Brasil enfrenta o pior momento da pandemia com uma taxa móvel de 1.055 óbitos diários e quatro estados com 90% das ocupações de leitos para covid-19. A crise sanitária deixou a parcela da população mais pobre ainda mais vulnerável.

Neste cenário, famílias se veem obrigadas a sair às ruas atrás de bicos ou doações para garantir o sustento diário. Victoria Magalhães, da coordenação estadual de São Paulo do MLB, comenta que o auxílio emergencial neste momento significa garantir a vida das pessoas, por isso a necessidade de mobilizar uma manifestação nacional.

“Com toda essa situação, muitas pessoas dependem do auxílio para continuar vivendo. Durante a pandemia, tivemos um aumento absurdo no preço dos alimentos, alugueis e gasolina, e a pandemia não acabou ainda. Então, o auxílio é para a manutenção das vidas”, disse à repórter Larissa Bohrer, da Rádio Brasil Atual.

Na capital paulista, o ato teve concentração no centro, em frente à prefeitura, e seguiu em marcha até a agência da Caixa Econômica Federal, na Praça da Sé. Felipe Fly, homem trans que mora em uma ocupação no centro da cidade e participou do ato, conta que não conseguiu mudar seu nome de registro no cartório e por incompatibilidade nos dados pessoais não conseguiu o auxílio emergencial.

Felipe conta que trabalha como motoboy, tendo que arriscar diariamente sua vida pela possibilidade de contágio do coronavírus ou acidentes de trânsito. “Não consegui o auxílio. Sou trans e, por conta da burocracia de nome, não me identificaram no cadastro. Tentei fazer alteração no cartório, mas, por transfobia, não deixaram. É uma situação muito complicada, o que leva nós, motoboys, a uma jornada de 10 horas diárias”, relatou.

Sobrevivência

A moradora da ocupação Manoel Aleixo, de Mauá, município da Grande São Paulo, Selma de Almeida, que também participou do ato desta terça-feira na capital, diz que ter acesso ao auxílio emergencial é apenas uma forma de não morrer de fome.

“Estou desempregada e, após o corte do auxílio, a situação está mais difícil. Sem o auxilio, não dá para viver, pagar as contas, nem comer. O governo precisa ouvir nosso grito e pensar nas famílias que estão numa situação de fome”, lamentou.

Para Victoria Magalhães, do MLB, o momento é de união de forças para conseguir o que é direito do povo brasileiro, o auxílio emergencial. “É uma das agendas de luta entre várias que vamos construir. Não vamos arredar o pé enquanto o povo não for minimamente priorizado pelo governo. Não vamos aceitar nossas panelas vazias”, defendeu.


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