LUTA NA RUA

Coalizão Negra promove manifestação por vacina e retomada do auxílio emergencial

Atos serão realizados, nesta quinta-feira (18), em frente às Casas Legislativas das principais cidades do Brasil

Oliven Rai
Oliven Rai
A organização, que reúne 200 entidades, emitiu nota convocando a população a participar do ato, que devem ocorrer a partir das 10h

São Paulo – A Coalizão Negra Por Direitos realizará, nesta quinta-feira (18), uma manifestação nacional para reivindicar a vacinação em massa e ações de combate à miséria, incluindo a retomada do auxílio emergencial. Os atos serão feitos em frente às Assembleias Legislativas Estaduais e Câmaras Municipais das principais cidades do país.

A organização, que reúne 200 entidades, emitiu nota convocando a população a participar do ato, que deve ocorrer a partir das 10h. O objetivo, segundo a entidade, é denunciar que o estado de calamidade pública ocasionado pela pandemia, embora não tenha criado a pobreza e o racismo, “gerou impactos desiguais, vulnerabilizando, ainda mais, a população negra e periférica, dada a piora substancial de suas condições de vida”.

Em 2019, dados do IBGE apontavam que o país possuía mais de 13 milhões de pessoas na extrema pobreza e outras 52 milhões, na pobreza, com renda de até R$ 436 por mês. Diante desse cenário, a Coalizão Negra defende um auxílio emergencial “minimamente digno”. “O governo Bolsonaro defende um auxílio de três parcelas de R$ 200, enquanto o Congresso Nacional quer oferecer quatro parcelas de R$ 250. Nós, da Coalizão Negra e da campanha Renda Básica, defendemos R$ 600 até o fim da pandemia como um mínimo necessário”, afirma o documento.

O texto cita que o Brasil, oficialmente, passou de 9,5 milhões de casos e mais de 230 mil vítimas fatais – número que corresponde a mais de 10% das mortes pela doença em todo o planeta. Porém, a situação é mais preocupante para a comunidade negra, como ribeirinhos, quilombolas e moradores da periferia, que enfrenta maior vulnerabilidade.

“A dinâmica de contaminação e mortalidade da Covid-19 espelha o histórico de racismo e segregação que se perpetua em nossa sociedade e se materializa na enorme desproporção, tanto em números de pessoas infectadas, como pela elevada mortalidade na comunidade negra urbana e rural”, alerta o texto. “Essa tragédia de mortes causadas pela Covid-19 no Brasil é fruto da política de morte implementada pelo governo Bolsonaro. É agenda desse governo de extrema-direita, declaradamente racista e inimigo dos direitos humanos”, acrescenta.

Demandas da Coalizão

De acordo com a Coalizão Negra por Direitos, a dinâmica de infecção, morbidade e mortalidade desproporcionais da covid-19 no Brasil mostra a necessidade de priorização da população dos povos tradicionais, quilombolas, ribeirinhos, de pesca tradicional e comunidade extrativista.

O documento que será protocolado no Legislativo exige seis itens: a ampla cobertura vacinal, a retomada do auxílio emergencial até o fim da pandemia, o fortalecimento dos Benefícios de Prestação Continuada (BPC), o atendimento a todos os protocolos de proteção determinados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) enquanto perdurar a pandemia, a erradicação da política genocida do governo contra a população negra e indígena e o fim da Emenda Constitucional 95 que retirou investimentos da saúde.

No último dia (10), a Frente Parlamentar Mista de Renda Básica fez um ato no Salão Verde da Câmara dos Deputados, em Brasília, pedindo a prorrogação do auxílio emergencial e a ampliação do Bolsa Família. Representantes de movimentos sociais, inclusive da Coalizão Negra, também estiveram na manifestação.

O rapper Emicida se solidarizou com o ato marcado para amanhã. “Movimentação urgente e importante dos nossos irmãos e irmãs da Coalizão Negra por Direitos para que de fato haja um plano de imunização nacional com a urgência necessária e também auxilio emergencial de 600 reais, pelo tempo que durar essa tragédia que atravessamos”, tuitou.


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