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Viver em São Paulo: paulistanos dizem que qualidade de vida piorou em 2020

Rede Nossa São Paulo mostra que 43% da população da capital paulista aponta piora no índice, em 2020

Diogo Moreira/Gov SP
Diogo Moreira/Gov SP
Para Jorge Abrahão, coordenador da Rede Nossa São Paulo, a percepção negativa por parte dos paulistanos, em 2020, reflete na falta de ações da gestão municipal de combater os problemas criados pela crise

São Paulo – A população da cidade de São Paulo aponta uma piora na qualidade de vida nos últimos 12 meses na capital. Cerca de 43% dos paulistanos dizem que a situação piorou muito ou um pouco, em 2020, segundo a pesquisa da Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ibope, apresentada nesta quinta-feira (21).

Os dados são da nova edição da pesquisa “Viver em São Paulo: Qualidade de Vida”, que traz dados da percepção da população paulistana sobre diversos aspectos. Em 2019, 28% diziam que a qualidade de vida havia piorado, mas no ano que se iniciou a pandemia de covid-19, essa insatisfação cresceu. Apenas 19% se dizem satisfeitos e outros 39%, disseram que ficou estável.

Para Jorge Abrahão, coordenador da Rede Nossa São Paulo, a percepção negativa por parte dos paulistanos, em 2020, reflete na falta de ações da gestão municipal de combater os problemas criados pela crise. “O ano da pandemia aumentou as dificuldades da população e aqueles que tem trabalham na gestão da cidade, precisam ter um protagonismo para minimizar esses problemas”, disse durante a apresentação.

População afastada da política

A maioria dos cidadãos não tem nenhuma vontade de participar da vida política de São Paulo. De acordo com a Rede Nossa São Paulo, quanto mais jovem, maior o desinteresse. Ao todo, 58% não se sentem atraídos pelo assunto e o afastamento é mais flagrante entre as pessoas menos escolarizadas e com menor poder econômico.

Além disso, entre os jovens de 16 a 24 anos, sete em cada 10 não tem nenhuma vontade de participar da vida política da cidade de São Paulo. No geral, apenas 11% tem “muita vontade” de ser ativo no segmento, enquanto outros 30% possuem “alguma vontade”.

Na avaliação de Jorge Abrahão essa baixa vontade na participação política prejudica na valorização da democracia e permite a ascensão de políticos como o presidente Jair Bolsonaro. “Ver os jovens participando do processo político é fundamental. Hoje, existem 300 mil jovens entre 16 e 18 anos, na em São Paulo, que poderiam votar nas eleições, mas só 18 mil votam. Isso mostra a incapacidade de incentivar a juventude, o que está ligado com a desconfiança na política. Isso desvaloriza a democracia e abre espaço para ideias autoritárias, como vivemos no Brasil, avance ainda mais”, afirmou.

A vereadora Juliana Cardoso (PT) também participou da apresentação da pesquisa. Ela atribuiu o desinteresse da população à falta de comunicação com a prefeitura. “Cada dia mais, a gestão Bruno Covas (PSBD) fecha o espaço de diálogo com os conselhos participativos. Isso quebra uma relação da população com a administração municipal. Quando falamos da participação popular também precisamos falar da Câmara Municipal, que faz audiências públicas em horários de trabalho da população, isso não permite o trabalhador a comparecer”, criticou.

Apesar disso desse desinteresse, 47% da população paulistana avalia de maneira positiva a entrada de mais mulheres, negras e transexuais na Câmara Municipal, nas últimas eleições realizadas em 2020, e diz que a diversidade melhora a qualidade de política.

Avaliação negativa da gestão

Na nova pesquisa da Rede Nossa São Paulo, a avaliação da atual administração municipal permanece estável, desde 2016: 35% consideram ruim ou péssima; 45% consideram regular; e 18% consideram ótima ou boa.

Entretanto, as principais críticas estão relacionadas às subprefeituras. A maioria da população está dividida entre uma avaliação regular (38%) e péssima (37%). Para Juliana Cardoso, a desaprovação é resultado do orçamento da cidade, que não atende as carências históricas dos bairros periféricos. “Nos últimos anos, os recursos das subprefeituras diminuíram e, para este ano, teve um corte de R$ 396 milhões. Isso significa que os serviços de zeladoria são afetados, desde tapar buraco até combater enchente”, lamentou.

A pesquisa Viver em São Paulo mostra também que os paulistanos entendem as igrejas como instituição que mais contribui para a melhora da qualidade de vida na cidade. Em segundo lugar, vêm a prefeitura e as organizações não-governamentais e em terceiro, as universidades. A maior rejeição dos paulistanos se dá aos partidos políticos e aos parlamentares da Câmara Municipal, considerados os que menos contribuem para melhorar a qualidade de vida da população.


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