LUTO

Protesto foi a única forma de dar visibilidade à morte de NegoVila Madalena, diz artista

Após mural de grafites ter sido coberto de preto no tradicional Beco do Batman, neste sábado (5) será realizado um ato poliCultural chamado “Todo Nego é Nego Vila”

REPRODUÇÃO/PROJETO SOLOS
REPRODUÇÃO/PROJETO SOLOS
NegoVila Madelena tentou apartar uma briga e foi agredido por policial. No chão, levou um tiro no tórax

São Paulo – O artista plástico e grafiteiro Wellington Copido Benfati, conhecido como NegoVila Madalena, foi assassinado por um policial, no último sábado (28), na Vila Madalena, zona oeste da capital paulista. A morte de NegoVila causou comoção entre moradores do bairro e colegas do grafite.

O artista plástico e grafiteiro Celso Mazu, conhecido como Prozak, lembra que o amigo representava uma outra cara da Vila Madalena, antes de sua elitização. “Ele é um filho da Vila Madalena antes da gentrificação. Tinha contato com as favelas ao redor, com a escola de samba. Ele era um skatista muito talentoso e carismático, circulando em vários meios da música até com os puxadores de carroça”, lembra Prozak, à Rádio Brasil Atual.

No dia seguinte do assassinato, o ponto turístico da capital Beco do Batman, localizado na Vila Madalena, e famoso pelo extenso mural de grafites, foi todo pintado de preto. Para Prozak, a ação foi necessária para não deixar a morte de NegoVila cair no esquecimento. “As pessoas fizeram um velório informal num bar na região para lamentar a morte e, depois, surgiu a ideia de pintar o Beco do Batman. Apagar o muro é o único jeito de trazer visibilidade para a situação e, sem aquela ação, o Negovila seria só mais um cara morto.”

Luto por NegoVila

NegoVila estava acompanhado de ao menos nove amigos no Royal Bebidas, uma distribuidora da região. O grupo chegou na noite da sexta-feira (27) e lá permaneceu bebendo na calçada até o episódio que culminou com o artista baleado, por volta das 4h30 deste sábado.

De acordo com a Folha de S.Paulo, testemunhas disseram que, ao tentar acabar com uma confusão, NegoVila foi agredido com um soco no rosto desferido pelo policial. Ele revidou. Armado, o policial deu um tiro para o alto e causou uma correria entre os frequentadores da distribuidora que estavam na calçada.

Assustado, NegoVila também correu, mas caiu no chão. Os depoimentos apontam que o policial se aproximou e atirou contra o artista. O tiro atingiu o tórax da vítima. “Ele foi vitima de um homicídio, por um policial que estava fora de serviço, durante a madrugada. Esse sujeito já tinha arrumado confusões ao redor, porque estava bêbado”, afirma o colega.

Neste sábado (5), será realizado um ato poliCultural chamado “Todo Nego é Nego Vila”, organizado por moradores do bairro, na Paróquia Santa Maria Madalena. “Neste sábado, vai fazer uma semana da morte dele, então vamos à missa de sétimo dia e vamos descer ao Beco do Batman, com muita música e toda a comunidade da Vila Madalena, para homenageá-lo. Será uma passeata cultural”, explica Prozak.


Leia também


Últimas notícias