SÃO PAULO

Ativista filma abordagem e policiais invadem sua casa: ‘Me ameaçaram’

Policiais Civis xingaram e agiram com truculência contra professora. Ela denunciou o caso à Corregedoria da Polícia Militar

Reprodução
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Depois de tentar entrar pela janela, policiais arrombaram a porta

São Paulo – Policiais civis de São Paulo invadiram a casa de uma ativista da Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio, grupo que atua contra a violência policial, na zona sul da capital paulista, após ela filmar uma abordagem, na noite do último dia 25.

Maria Nilda de Carvalho Mota, a Dinha, que também é professora, conta que ouviu sons de tiros e uma confusão na rua. Ao olhar pela janela, assistiu a um grupo de policiais abordando um homem vestido com um moletom claro. “O jovem já estava com a mão na cabeça, mas os policiais jogaram ele de cara no chão. Depois, soube que havia outros jovens que também foram abordados e um foi preso”, relatou à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

Dinha diz que acendeu a luz do quarto da filha, quando um dos policiais civis a flagrou registrando a cena. Depois disso, começou a ser xingada para que parassem a filmagem. “Falaram que eu levaria um tiro se continuasse, mas não parei. Foi aí que tiveram a coragem de entrar na minha casa que estava trancada.”

Segundo ela, os policias civis abriram a janela da casa e arrancaram a cortina, mas não entraram por causa das grades. “Porém, eles conseguiram abrir a porta, sei lá com que chave, e ficaram me ameaçando e xingando da entrada. Enviei tudo que filmava para pessoas de confiança e entreguei o celular para eles”, disse a professora.

Retaliação

Os policiais estavam no Jardim São Savério, na região sul da cidade, em busca de supostos assassinos de um policial civil morto no domingo, na Vila Carrão, na zona leste da capital paulista. O crime aconteceu às 19h.

Dinha diz estranhar o fato dos policiais saírem da zona leste para a sul. “Foi uma clara retaliação, mas porque vieram de tão longe fazer isso? Minha sensação é que fizeram isso pela vulnerabilidade. Se eu não tivesse filmado, um jovem estaria morto e outro, preso”, questiona.

Maria Nilda já tomou as providências legais e denunciou o caso à Corregedoria da Policia Civil. “Agora, pretendo reforçar a segurança da minha casa e instalar câmeras de segurança, porque não quer mais depender do meu celular para filmar isso”, finalizou.