Territórios de Memória

Instituto Vladimir Herzog lança plataforma que resgata histórias da periferia de São Paulo

Projeto mapeou os territórios de memória na zona sul e na zona leste da capital, buscando dar visibilidade a locais e personagens esquecidos dessas regiões

Thiago Borges/Periferia em Movimento
Thiago Borges/Periferia em Movimento
Projeto destaca formas de sociabilidade na periferia que produzem redes de solidariedade e manifestações culturais potentes

São Paulo – O Instituto Vladmir Herzog lança nesta quarta-feira (18) uma plataforma virtual que resgata a história não contada dos territórios da periferia, na zona sul e na zona leste de São Paulo. Durante o lançamento, serão realizadas ainda oficinas artístico-culturais que exploram a memória e a escrita periféricas. Trata-se de mais uma etapa do projeto “Territórios da Memória”.

No ano passado, esse projeto resgatou as histórias esquecidas e muitas vezes ignoradas em Perus, bairro da zona noroeste da capital paulista. O bairro é relativamente conhecido por causa da vala clandestina do Cemitério Dom Bosco, descoberta em 1990, e onde foram encontradas cerca de mil ossadas escondidas pela ditadura civil-militar (1964-1985).

A socióloga Verônica Freitas, que integra a equipe da área de Memória, Verdade e Justiça do instituto, disse que a ideia do projeto é “visibilizar essas memórias esquecidas da cidade”.

Na plataforma, o internauta poderá acessar um mapa das regiões, com destaque para os territórios e personagens marcantes. São vídeos e entrevistas com lideranças comunitárias e artistas dessas regiões. “O mapa ajuda a gente vê que a cidade é muito maior que a Avenida Paulista e os outros principais pontos”, destacou.

Em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual desta terça-feira (17), ela conta que foram meses para produzir esses materiais. Primeiro, houve um processo de “cartografia social”, entrevistando os moradores para levantar essas memórias. Depois, foi a vez dos artistas traduzirem essas lembranças nas suas linguagens específicas.

Resgate

“Como dizem, é a periferia que move a cidade. É uma prerrogativa do projeto pensar essas histórias marginais”, afirmou Verônica. No geral, segundo ela, estar fora do centro normalmente significa uma falta de acesso a direitos e serviços básicos. E também uma maior exposição à violência policial. “Mas há também outras formas de sociabilidade que produzem redes de solidariedade que são fundamentais. E uma produção cultural muito forte e potente”, destacou.

Dentre as especificidades, ela destaca a presença marcante das mulheres, chamadas matriarcas, nessas regiões. São líderes comunitárias que tocam projetos sociais e culturais e viraram referência para as novas gerações. Além disso, essas memórias também captam a influência da imigração nordestina na cidade de São Paulo.

O evento de lançamento, chamado Encontro dos Territórios, será nesta quarta-feira (18), a partir das 19h. Para participar é preciso fazer uma inscrição, já que a apresentação da plataforma será realizada através de videochamada, em função da pandemia.

Assista à entrevista


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