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Após 4 dias sem energia, Amapá pede socorro e cobra Bolsonaro. ‘Faça alguma coisa!’

Mais de 750 mil brasileiros estão sem energia e com escassez de água, gasolina e com comércio fechado. Danos causados por incêndio em estação controlada por empresa privada está sendo reparado pela estatal Eletrobras. Morador do estado faz vídeo que viraliza nas redes sociais

reprodução/twitter
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O abastecimento afetado é administrado por uma empresa privada espanhola, Isolux, contratada pelo governo Federal

São Paulo – Cidadãos do Amapá, no extremo norte do Brasil, vivem dias de caos após quatro dias sem energia elétrica. O apagão atinge 89% do território amapaense, incluindo a capital, Macapá, além de outros 13 dos 16 municípios do estado. Estima-se que cerca de 750 mil pessoas estão sofrendo as consequências de um incêndio em uma subestação de energia. O colapso levou o governo estadual a decretar calamidade pública por 30 dias. Nas ruas, filas em mercados e postos de gasolina, além de relatos de escassez de água, já que bombas hidráulicas dependem do sistema de energia para abastecer as cidades.

O incêndio ocorreu na noite de terça-feira (3) no transformador principal da subestação de Macapá, de propriedade da Linhas de Macapá Transmissória de Energia (LMTE). O sistema é administrado por uma empresa privada espanhola, Isolux, contratada pelo governo federal. A inércia do governo do presidente Jair Bolsonaro revolta moradores e motiva grandes mobilizações nas redes sociais com #SOSAmapá.

Sanha privatista

Embora a empresa controladora seja privada, os reparos e o futuro restabelecimento da energia estão sendo executados por técnicos da Eletrobras. A estatal é alvo da sanha privatista do governo Bolsonaro. “Privatizar, para este governo é modernizar. As empresas que compram, porém, ficam de olho nos lucros, demitem técnicos experientes e contrata pessoal com menos qualificação para pagar menos e ainda reduz o quadro de pessoal”, protesta, em nota, a CUT Brasil.

Desabafo

Em vídeo publicado em diversos perfis das redes sociais, o macapaense “Marco Antônio” fez um desabafo sobre o caos. “Já é sexta-feira (6). É um absurdo o que está acontecendo na cidade. Não tem água para beber, acabou a água mineral. É ‘Walking Dead'”, afirma. O morador compara a situação a um “apocalipse zumbi”, tal como no seriado que fez referência. “As filas são quilométricas para tudo. É um absurdo, são 750 mil brasileiros passando por isso”, disse.

O desabafo também critica o ministro de Minas e Energias, Bento Albuquerque, que esteve no estado por um dia. A previsão de normalização dada pela pasta é de mais 10 dias. “O ministro veio aqui e não aguentou dormir um dia por conta do calor. Como se não valêssemos nada. É um absurdo que isso não esteja na mídia. A eleição nos Estados Unidos passou, o Trump se ferrou e são 750 mil brasileiros. Tem que ser prioridade, tem que ter força nacional”, cobra o morador.

Repercussão

Cresce nas redes sociais a repercussão do caos vivido no Amapá e a cobrança por medidas urgentes pelo governo Bolsonaro. Artistas, personalidades e lideranças políticas cobram ações em defesa do povo amapaense. “Bolsonaro, esquece o Flávio e o Trump. Já eram. Faça alguma coisa pelo Amapá. Trabalhe um dia. Um dia. UM dia”, cobrou o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro Fernando Haddad. “Caos no Amapá e o presidente preocupado com a derrota de seu ídolo. E ainda diz que é patriota”, completou o deputado federal José Guimarães (PT).

Celebridades como o cantor sertanejo Luan Santana também protestam. “Mais de quatro dias sem luz elétrica no Amapá! 90% das cidades atingidas. Hospitais, supermercados e toda a população enfrentando uma questão de calamidade. Povo do Amapá, minhas orações e pensamentos estão com vocês. Algo precisa ser feito!”, disse.

O líder do PDT, ex-ministro Ciro Gomes também teceu críticas. “Governo Bolsonaro é um desastre! Mais de 750 mil brasileiros sem energia no Amapá.” O deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) criticou Bolsonaro e sua obsessão com Trump e descaso com o Brasil. “Povo no escuro, sem água, sem comida nos supermercados, combustível, não tem nem dinheiro circulando porque os caixas eletrônicos não funcionam. Não é na Venezuela. É no Brasil, no Amapá, e não vemos o amigo do Trump se mexer pra ajudar!”, disse.


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