No breu da negligência

Apagão no Amapá completa 15 dias. Estado continua com rodízio de energia

Empresa privada que opera a linha diz ainda que o fornecimento seguro pode ficar para 7 de dezembro. Amapaenses denunciam preço da tarifa enquanto seguem no escuro sem água, comida e serviços básicos

Amazônia Real
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Para o presidente do sindicato dos Urbanitários no Amapá, o apagão "mostra os riscos da privatização" de setores importantes, como o elétrico

São Paulo – Os amapaenses entram, nesta terça-feira (17), em seu 15º dia sem energia elétrica no estado. O apagão no Amapá continua prejudicando parte da população de 13 dos 16 municípios, que seguem com rodízio irregular de energia. E a empresa responsável pelo fornecimento, a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), avalia que o restabelecimento ainda pode ficar para 7 de dezembro. 

Em documentos enviados ao Ministério Público Federal (MPF), obtidos pelo jornal Folha de S. Paulo, a LMTE afirmou que a montagem de um transformador só será concluída “até” 7 de dezembro. A empresa é a responsável pelo transformador de energia que pegou fogo no dia 3 novembro. Havia ainda mais dois equipamentos, mas o segundo foi sobrecarregado, e o terceiro não estava em operação desde o ano passado.  

A Linhas de Macapá pertence à companhia espanhola Isolux, que entrou em recuperação judicial, e hoje se chama Gemini Energy. Ela ganhou uma concessão pública para distribuir a energia no estado. 

Socorro público a empresa privada

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Urbanitários do Amapá (STIUAP), Jedilson Oliveira, um dos transformadores foi consertado, o que garantiu um rodízio inicial no fornecimento de energia elétrica de seis horas. Alterado, recentemente, para quatro durante o dia e três à noite, devido a protestos da população que não havia sido contemplada pelo rodízio. 

Outras soluções são desenvolvidas em paralelo, como a compra de um novo transformador. Mas, de acordo com o presidente do STIUAP, quem vem atuando de perto para o restabelecimento da energia é a Eletronorte, subsidiária da Eletrobras. “Quer dizer, a empresa privada quebra para a empresa pública consertar”, contesta Oliveira em entrevista a Glauco Faria do Jornal Brasil Atual

De acordo com o dirigente, o apagão no Amapá “mostra os riscos da privatização” de setores importantes, como o elétrico. Privatizá-lo, como quer o governo de Jair Bolsonaro com a Eletrobras, “significará aumentar a taxa de consumidor, encarecer as tarifas e tornar os serviços de má qualidade. E com isso podendo ocorrer um apagão com está acontecendo no Amapá”, avalia. 

Lição contra a privatização

Em meio ao “caos”, que provocou ainda falta de água, comida e serviços básicos, os amapaenses também estão denunciando em campanhas na internet os altos preços da conta de energia elétrica. Reportagem do Brasil de Fato, mostrou, por exemplo, que as tarifas de energia elétrica na região Norte já são as mais elevadas do que no resto do país. A eleição em Macapá também teve que ser adiada por conta do desabastecimento. A previsão é que o primeiro turno ocorra em 13 de dezembro. E o segundo, se houver, no dia 27 do mesmo mês.

“Fica um grande exemplo para a população, de que ela tem cobrar, denunciar esse fatos para que chamemos a atenção do nosso Congresso Nacional, dos órgãos e pessoas competentes, que estão a frente do processo, para que não cometam esse crime. Porque privatizar o setor elétrico, o saneamento, e as empresas estatais é um crime com a nação e o povo brasileiro”, destaca Oliveira na Rádio Brasil Atual

Confira a entrevista na íntegra 

Redação: Clara Assunção


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