Vulnerabilidade

Observatório dá visibilidade a crianças em situação de pobreza

Plataforma digital reúne dados sobre a primeira infância para que políticas públicas e governos tenham mais atenção em relação à faixa etária que representa o futuro do país

Marcello Casal / ABr
Marcello Casal / ABr
Abandono: a primeira infância, entre zero e seis anos, é fundamental para o desenvolvimento físico e mental. Por isso, é importante dar atenção a esse período, o que ainda não acontece

São Paulo – Combater a vulnerabilidade das crianças no país é um desafio para governos e suas política públicas. O cenário é dramático, avaliam os especialistas da área. Quase 48% das crianças vivem na pobreza, considerando a faixa etária da primeira infância, de zero a seis anos. Uma das formas de luta pelos direitos da criança é dar visibilidade a esse problema. 

Foi com esse espírito que foi lançada nesta quinta-feira (8) a plataforma digital ‘Observatório do Marco Legal da Primeira Infância’, com dados de abrangência nacional. O site foi articulado pela Rede Nacional Primeira Infância (RNPI) e a Andi Comunicação e Direitos.

A plataforma oferece um conjunto de 44 indicadores sobre a primeira infância no Brasil, sendo que cada indicador permitirá visualizar séries históricas (de 2016 ao ano mais recente), comparações entre entes federativos (em nível nacional, regional, estadual e municipal) e desagregações por aspectos socioeconômicos.

O observatório é considerado uma plataforma inovadora para o monitoramento das políticas públicas para as crianças em situação de pobreza no Brasil. Ela servirá para identificar a desigualdade e vulnerabilidade dessas crianças, e pode ser acessada por gestores públicos e todas as pessoas interessadas na temática da primeira infância.

A primeira infância, entre zero e seis anos, é fundamental para o desenvolvimento físico e mental. Por isso, é tão importante os pais e o poder público darem atenção é esse período que pode determinar o futuro de uma pessoa, como mostra reportagem de Jô Myiagui, no Seu Jornal, da TVT

Números preocupantes

“Os benefícios criados nesse momento nessa faixa que vai de zero a seis anos vão se estender ao longo de toda a vida daquele ser humano”, afirma o consultor da RNPI e Andi, Veet Vivarta. Mas no Brasil a situação da primeira infância é dramática. Quase 48% vivem na pobreza. No Nordeste, esse índice chega a 69%. Se o recorte for racial, 59% das crianças negras são pobres, ante 34% das brancas.

“São 44 indicadores no observatório e cada um deles está relacionado aos objetivos do desenvolvimento sustentável aos quais está ligado”, afirma Miriam Pragita, coordenadora da RNPI e Andi.

“São números que chamam muita atenção. É isso que a gente quer mostrar quando a gente cria o Observatório com essa profundidade de dados”, diz Miriam. Esses dados foram revelados ontem (8) no lançamento do site Observatório do Marco legal da primeira infância.

A representante da Unicef, fundo das Nações Unidas para a infância Florence Bauer afirmou que a pandemia piorou a situação das crianças nos últimos meses.  “Sabemos já dos desafios que existiam antes para a primeira infância, mas agora as crianças são as vítimas ocultas dessa pandemia. Elas não são afetadas diretamente pelo vírus, mas sofrem os impactos indiretos das políticas adotadas”, afirma.

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