Solidariedade

Diante da falta de políticas públicas contra a fome e a miséria, atitude

Frente à inação do governo Bolsonaro, tem muito gente fazendo a diferença no combate à fome que voltou a assolar o Brasil

MST/RS
MST/RS
Toneladas de alimentos são doadas todos os dias no Brasil por pessoas que tentam fazer a diferença no combate à fome abandonado pelo governo federal

São Paulo – Gente revirando lixo, implorando moedas, água, comida, qualquer coisa que ajude a aliviar a sofrimento. A miséria voltou a assolar o Brasil que havia deixado o Mapa da Fome em 2014. Cenas tragicamente corriqueiras mostram famílias inteiras em busca de alimento. As políticas públicas de combate à fome, uma das principais bandeiras do governo brasileiro por mais de uma década, entre 2003 e 2015, estão desaparecendo. O resultado são números assustadores que traduzem rotinas de desespero. Segundo estudo realizado pelo IBGE entre junho de 2017 e julho de 2018, 41% da população vive com algum tipo de insegurança alimentar. São 10 milhões os que passam fome, quase 5% da população. Esse índice, que estava em 8,6% em 2003, havia caído a 3,6% em 2013. Um ano depois o Brasil deixava oficialmente o Mapa da Fome da ONU.

A inação no combate à fome teve início após o golpe de 2016, no governo de Michel Temer, e se agravou com Jair Bolsonaro. Sob administração do ex-capitão, medidas como a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e a diminuição das compras públicas de alimentos e dos estoques afetaram diretamente a segurança alimentar do país. E o acesso de milhões de brasileiros mais pobres à comida.

Felizmente, para esses milhões de brasileiros que padecem pela falta de políticas públicas no combate à fome, há quem não consiga dormir em paz vendo tanta dor. E vai à luta como pode, com o tempo que resta entre todos os afazeres do dia, com os recursos que tem e que consegue angariar. Gente que faz a diferença e às quais você pode se somar para fazer da solidariedade uma luz, até que tudo isso passe e o Brasil volte e viver tempos de mais justiça social.

Quadra alimenta milhares

(Foto: Facebook/Seeb-SP)

Palco de mobilização e luta dos trabalhadores desde o início dos anos 1980, a Quadra dos Bancários virou espaço de sobrevivência desde agosto deste ano. Diariamente passam por ali milhares de pessoas em busca de alimento. Um convênio entre o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a Rede Rua e o Movimento Nacional da População em Situação de Rua do Estado de São Paulo (Pop Rua) viabilizou a distribuição de quentinhas. O sindicato entra com a estrutura. Rede Rua e Pop Rua cuidam da organização e entrega dos alimentos que chegam via doações.

“Há restaurantes e entidades que doam quentinhas. Há ainda contribuições de alimentos que depois são processados, como os fornecidos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e por funcionários públicos da Receita Federal. O Comitê Betinho também já ajudou, o Padre Júlio Lancelotti. Há bancários que doaram armários e alimentos para o projeto”, diz Ernesto Izumi, diretor do Sindicato.

A parceria tem previsão de durar até o final do ano, mas pode ser prorrogada. Segundo ele, já foram entregues mais de 64 mil refeições. Há dias que chegam a ser servidas 1.900 marmitas. “Não são apenas pessoas em situação de rua, tem gente que tem moradia ou até alguma renda, mas não tem comida”, diz o dirigente sindical. A média diária de mil pessoas aumenta semanalmente diante do fim do convênio da prefeitura de São Paulo com o Bom Prato.

Além da alimentação, a cada 15 dias uma escola de cabeleireiros de Guaianases vai à quadra cortar o cabelo do povo de rua, gratuitamente. Eles também recebem roupas doadas. O sindicato instalou, ainda, uma “bica de água” na parte externa da quadra. São torneiras para higienizar as mãos e encher garrafas de água.

Fazendo juntos

Para Andreza do Carmo, coordenadora de projetos da Rede Rua, essa parceria foi fundamental. “Historicamente, o Sindicato dos Bancários apoia o povo da rua, os movimentos. Quando começou a pandemia, a população de rua sofreu muito. As pessoas que normalmente iam às ruas doar, pararam de sair e o povo começou a passar fome”, lembra. “Então, começamos a produzir marmitex e sair distribuindo. Depois vieram os Franciscanos e outras iniciativas para sanar essa necessidade de emergência. Mas não tínhamos muito estrutura, nossa equipe não é tão grande. Fazíamos tudo de forma muito tímida. Quando chegou essa proposta do sindicato, pensamos: podemos unir e fazer juntos.”

Andreza também percebeu que o público “mesclou”. Agora, explica, não há mais só pessoas em situação de rua. “Temos atendido a população dos arredores, de cortiços, gente que ficou desempregada e acaba tendo como única opção de refeição a quadra ou os outros espaços no Centro que servem alimentação gratuita.”

A Rede Rua tem 30 anos. “Arrisco dizer que o começo do ano vai ser bem difícil para quem vive nas ruas da cidade. Infelizmente o governo atual não está atento para esses aspectos.”

Todos os candidatos à prefeitura de São Paulo foram convidados a ir à Quadra dos Bancários, e ouvir o povo da rua. Até o encerramento dessa reportagem, Jilmar Tatto (PT), Vera Lúcia (PSTU) e Orlando Silva (PCdoB) haviam comparecido e assinado a carta compromisso com a população de rua. Guilherme Boulos (Psol), Marina Helou (Rede) e Andrea Matarazzo (PSD) também se comprometeram a aderir.

MST: toneladas de solidariedade

“A fome é uma realidade no nosso país. Consequência do golpe e sua pauta de retirada de direitos. Além do total desmonte da política pública que garantia condições mínimas para apoiar a agricultura familiar e a produção de alimentos”, afirma a agricultora Kelli Monforte, integrante da coordenação nacional do MST. Exemplo disso, afirma ela, é o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que chegou a ter orçamento de R$ 2 bilhões e despencou para apenas R$ 200 milhões no governo Bolsonaro. “Isso acarreta na diminuição da produção e cria, também no campo, pobreza e insegurança alimentar.”

Kelli explica o que chama de ciclo da fome. “Hoje, no nosso país, a alimentação é extremamente monetizada, uma mercadoria. Para o grande contingente de pessoas que vivem nos centros urbanos, 85% da população, alimento precisa comprar num supermercado. E a alta dos preços fez com que fosse diminuindo os itens para levar para casa. Isso faz parte desse ciclo da fome”, diz. “Ou famílias que começam a alternar, pular refeições, só almoçam ou só jantam. E pessoas da casa que começam a se revezar para que as crianças, os idosos, os mais vulneráveis possam se alimentar.”

Essa situação levou o MST a se comprometer com ações de solidariedade, desde o início da pandemia. Já foram doadas, desde março, 3 mil e 700 toneladas de alimentos em todo o país. “Estamos em 24 estados da federação e nos somamos a ações junto a periferias urbanas. Seja com a doação de cestas de alimentos, e também com o preparo das marmitas solidárias”, diz Kelli. “Também a campanha Periferia Viva. Ela cria um corpo orgânico, tornando essa solidariedade ativa. As pessoas de comunidades urbanas que recebem alimentos, se comprometem a ajudar, a cuidar umas das outras.”

Povo cuidando do povo

O MST usa, para isso, a metodologia de agentes populares. “Eles atuam na área da educação, da saúde, de direitos. Só no caso dos agentes populares de saúde do Periferia Viva, já são 200 turmas (em vários estados) que estamos formando através de um curso modular em parceria com universidades. As pessoas da comunidade aprendem noções de cuidados em relação à saúde e se responsabilizam por um determinado número de ruas, de casas, de famílias”, explica.

Para o movimento, com o povo cuidando do povo vai se criando um corpo orgânico para mudar essa condição. “O MST sabe que a maior solidariedade que podemos doar a essas famílias que estão nas periferias urbanas é o nosso exemplo pedagógico de organização e de luta por moradia, luta pela terra, luta pela reforma agrária. Somente com medidas estruturais que garantam o acesso a esses direitos, ao trabalho, à renda, à alimentação é que vamos conseguir superar essa grave situação que se instalou no nosso país”, afirma a coordenadora.

Ação de cidadania

Foi dessa maneira, com o povo cuidando do povo, que nasceu o Comitê Betinho, fundado por funcionários do extinto Banespa, em 1993, assim que Betinho – o sociólogo Herbert de Sousa, irmão do Henfil, morto em 1997 – lançou as primeiras sementes da Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida. “Agora em novembro completamos 27 anos de atividades ininterruptas”, conta o bancário aposentado José Roberto Vieira Barbosa, diretor presidente do Comitê. “Começamos no combate à fome, que era o mote da campanha do Betinho. Sempre realizamos, sem falhar um ano, o Natal Sem Fome. Passamos a apoiar também projetos de geração de renda e profissionalização, seguindo a máxima de Confúcio de que mais vale ensinar a pescar do que dar o peixe. Montamos inúmeras escolas de informática em São Paulo e no interior. Cursos profissionalizantes de cabeleireira, manicure, mecânica, marcenaria.”

José Roberto elenca, com orgulho, outros projetos promovidos pelo Comitê. Como a construção de brinquedotecas em hospitais públicos e UBS da cidade de São Paulo. E o Cidadania no Cárcere, por meio do qual escolas de informática foram montadas em pelo menos seis espaços de presídios no estado de São Paulo. “Assim, as pessoas, quando cumprem suas penas, saem de lá com o mínimo de preparo para enfrentar o mercado de trabalho.”

Contra a fome e a miséria

Tão logo começou a pandemia, o Comitê Betinho decidiu que não ficaria fora da luta pela qualidade de vida e dignidade das pessoas em situação de rua. “Desde abril temos feito campanhas com boas adesões e apoio de entidades como o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Afubesp dos funcionários do Banespa, Associação dos Aposentados do Banco do Brasil, que muito nos ajudam na captação de recursos”, ressalta José Roberto. “Felizmente tivemos boa ressonância junto ao nosso público sobre a necessidade de apoiarmos as pessoas em situação de rua, que antes da pandemia já viviam em condições precárias. E isso se agravou muito mais.”

José Roberto lembra que Betinho lançou a Ação da Cidadania como um movimento de solidariedade para combater a fome, mas também para diminuir as gritantes desigualdades sociais no Brasil. “E, para isso, é preciso mobilização da sociedade para conquistarmos políticas públicas de combate às desigualdades. Isso sim vai fazer a diferença. É imprescindível a ação de solidariedade, mas não podemos ficar somente nela. Betinho queria ir além do combate à fome. Queria justiça social para que as pessoas possam viver com dignidade.”

O Comitê é responsável, ainda, pelo apoio à construção de cisternas no semiárido brasileiro. “Captamos recursos e passamos integralmente para ONGs que atuam no sertão nordestino para fazer cisternas. Elas captam água das chuvas ou dos carros pipas para consumo humano, beber, cozinhar. Entre entregues e em construção já são 1.385 cisternas”, relata. “Um instrumento de libertação para as famílias sertanejas. Pessoas que precisam andar quilômetros sob sol inclemente para buscar água. Junto com isso vêm outras atividades que patrocinamos, como o barreiro trecheira que possibilita às pessoas fazer plantio. Também ajudamos a formar plantéis de aves e de cabras.”

Sábados solidários

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Bruno: “Para mim, cozinhar é um ato de amor, de agregar, de afetividade”

O jornalista, produtor e cozinheiro Bruno Monteiro foi outro que não conseguiu ficar parado diante da fome e da miséria que via pelas ruas. Porto-alegrense vivendo em Salvador (BA) há cerca de dois anos, faz parte do Projeto Chamada Solidária. “Um grupo de amigos que se reuniu com o intuito de ajudar as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade durante a quarentena”, conta.

Eles se reúnem aos sábados e cozinham doações de alimentos que recebem. Já foram feitas 1.150 refeições, almoços distribuídos em pontos da capital baiana onde estão pessoas em situação de rua. “Há uma preocupação sempre muito grande em fazer um prato balanceado”, diz Bruno, que é responsável pela cozinha. “Uma comida que seja gostosa, nutritiva, balanceada.”

Antes de sair para a entrega, os voluntários almoçam a mesma comida. “Não tem nenhuma diferença de uma comida que eu faria para minha família, meus amigos. A ideia é a gente confraternizar com essas pessoas a partir da comida”, explica o jornalista. “Para mim, cozinhar é um ato de amor, de agregar, de afetividade. Então, poder ajudar as pessoas nesse momento de tantas dificuldades, o Brasil voltando ao Mapa da Fome, o preço dos alimentos disparando, tantas pessoas sem emprego. Isso para mim tem um grande sentido. Não é só levar um prato de comida. É levar afeto, atenção para as pessoas.”

Quando chegam e começam a conversar, ouvem o que as pessoas têm a dizer. “Quando a gente olha no olho dessas pessoas vê o quanto isso tem um significado muito grande. São pessoas que muitas vezes vivem na invisibilidade”, lamenta o cozinheiro.

Cadê a farofa?

Bruno relata que já ouviu desses moradores de rua que são tratados como lixo pela sociedade. “As pessoas passam e nem olham para elas, não sabem da existência delas. A gente fazendo isso tem um momento de muito significado humano. Acho que isso é o mais gratificante, a gente vai sempre nos mesmos lugares, então foi-se criando uma intimidade. As pessoas sabem o nosso nome.” A intimidade é tanta que permite até queixas. “Sabem que eu que cozinho, então vêm falar alguma coisa da comida. Teve uma semana que não fiz farofa e as pessoas na Bahia gostam muito. Vieram reclamar: não tem farofa?”

Essa relação de proximidade que se cria, para Bruno, é um sentimento todo especial. “Não é simplesmente fazer um prato de comida e sair doando. É compartilhar com essas pessoas o momento de atenção e solidariedade que ultrapassa qualquer coisa de caridade. No sentido muito mais amplo mesmo de se importar com o ser humano que está em situação de vulnerabilidade.”

Amor revolucionário

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Emília: “Esses catadores fazem um serviço para o poder público. Há uma reivindicação antiga do Movimento Nacional dos Catadores, de eles receberem pelo serviço prestado”

Se quem mora na rua passa fome, quem faz dela seu ganha pão está em situação parecida. São os catadores de material reciclável. Estima-se que são mais de 20 mil em São Paulo, mas somente cerca de 900 estão organizados em cooperativas conveniadas ao poder público municipal. “Esses catadores fazem um serviço para o poder público. Há uma reivindicação antiga do Movimento Nacional dos Catadores, de eles receberem pelo serviço prestado”, defende a educadora ambiental Emília Câmara Sant’Anna, que trabalhou por 15 anos com esse público.

Desde o início da pandemia a situação de miséria se agravou também para os catadores. Emília, então, juntou-se a algumas amigas e passaram a arrecadar dinheiro para comprar cestas. É o Reciclando Solidariedade. As cestas são distribuídas na região do Jardim Aracati, que fica no fundão de MBoi Mirim (zona sul de São Paulo). “Essas pessoas já tinham dificuldade de sobrevivência. Muitas pessoas morando em cubículos, com alimentação bastante precária. A situação é de miséria absoluta. E agora com os preços altíssimos do feijão e do arroz, nem o básico para a alimentação diária eles estão conseguindo”, preocupa-se a educadora ambiental.

Já foram distribuídas cerca de 300 cestas. “A solidariedade é fundamental, o amor é revolucionário.” Quem quiser colaborar, pode enviar sua contribuição para Emília Câmara Sant Anna, CPF 696.293.238-34, Banco do Brasil (001), Agência: 0387-5. Conta: 2.900.140-4.

Fome não espera

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Fumaça: “A fome sempre me incomodou. Já passei muita fome. Na minha infância, na minha adolescência. Vivi momentos bem duros, sofri bem. Por isso sempre ajudo”

De amor revolucionário entende bem a Fumaça. Assim é conhecida a assistente de organização do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Sônia Estela da Silva. “Quando eles pensavam que eu tava indo, eu já estava voltando”, conta sobre o apelido que surgiu nos tempos de luta contra a ditadura. Moradora há quase 30 anos do bairro da Barragem, extremo sul da capital paulista, Fumaça arrecada alimentos, roupas, livros, calçados, brinquedos. Tudo que consegue é levado para os moradores da região. Muitos deles indígenas da etnia Guarani.

“Então, a fome sempre me incomodou”, diz, quando questionada sobre a razão dessa luta de uma vida toda. “Eu sei o que é isso porque já passei muita fome. Na minha infância, na minha adolescência. Vivi momentos bem duros, sofri bem. Por isso sempre ajudo.”

Ajudando a ajudar

Fumaça lembra que quando foi morar na região não esperava ver tanta gente com fome. “Também é muito frio neste lugar. Barragem é o último bairro da cidade de São Paulo. É tudo mais difícil, mais complicado. Temos nove aldeias aqui. Quase ninguém sabe. E muita pobreza.”

Do alto de todo seu conhecimento, avisa. “A fome não espera.” No dia em que conversou com a reportagem, Fumaça tinha ido levar uma lata de leite em pó para uma diarista que, sem trabalho durante a pandemia, estava alimentando seu bebê com chá de hortelã. Diante do que vê todos os dias, ela faz tudo que é possível para ajudar. “E algumas pessoas nos ajudam. Como o pessoal do Sindicato. Já trouxemos cinema aqui (o projeto Cine B), tivemos festa de Natal. Arrecadamos alimentos, roupas, cobertores, brinquedos”, conta com alegria. “Temos nossa fanfarra da escola, que meu filho aprendeu pra ensinar a criançada. E um ônibus que reformamos e virou biblioteca, sala de leitura com os livros que conseguimos.”

Para ajudar a Fumaça a ajudar, acesse a conta do Bradesco, agência 6545-5, conta 0006366-5.

Unindo esforços

Martha Locatelli é uma das proprietárias dos restaurantes Sushi Mar, do Rio e de São Paulo. Ao lado do marido Dudu, dos filhos Nicolau, Pedro e Susi, do amigo Léo, e da Cida, “fiel escudeira” que trabalha com Martha, produz, com apoios e doações, entre 200 e 250 quentinhas todos os domingos. Os alimentos são distribuídos desde meados de março na região do bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. “Durante alguns meses entregávamos pessoalmente. Mas com o passar do tempo decidimos nos juntar aos franciscanos e somar forças ao projeto do Sefras, colaborando na tenda do Largo da Carioca. Lá são entregues 450 refeições por dia entre almoço e jantar”, conta Martha.

A empresária calcula que em torno de 8 mil quentinhas que saíram da sua casa e de mais outras centenas de amigos e parceiros. “Também entregamos matéria prima para a cozinha de um convento que produz as refeições durante a semana.”

Além dessa produção, o grupo recebe e encaminha doações de material de higiene, roupas e até móveis e utensílios para uma ocupação com 12 famílias que conseguiram sair da rua no centro do Rio. “Uma outra ação muito legal que estamos fazendo é a compra de quentinhas de cozinheiras desempregadas para entregar no mesmo projeto.”

Além de doar alimentos, quem quiser pode ajudar com roupas e materiais de higiene, ou na produção das quentinhas. Entregas no Sushi Mar que fica na Travessa Eurícles de Matos, 40 (tel: 2285-7246).

Na rua contra a fome

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Sarah: “Aqui pelas regiões que frequento, a cada dia que passa o número de pessoas carentes e moradores de rua aumenta”

E nem é preciso muito tempo para perceber o poder de fazer a diferença por meio da solidariedade. A pedagoga Sarah Mendonça da Silva tem 21 anos e desde os tempos da faculdade participava de ações sociais promovidas pelo centro acadêmico. Formada no ano passado, a jovem começou a buscar como ajudar quem mais precisava diante da pandemia. Nas redes sociais encontrou um grupo arrecadando alimentos para ajudar os moradores de rua. Decidiu se somar a essa iniciativa (se quiser participar, ligue 11 – 96628-5116) . “Acabou que iniciamos um projeto”, conta. Em quatro pessoas passaram a distribuir, na região do ABC, as doações que recebiam. “Nosso desejo é abrir uma ONG para ficar mais fácil receber ajuda. Mas estamos na luta. Esse foi meu primeiro contato com moradores de rua. É uma situação muito difícil. Meu desejo de ajudar o próximo é muito grande.”

A professora, que tem vontade de aprofundar estudos na área de Serviço Social, percebe nas suas andanças, desde o tempo da faculdade, piora na situação dos mais carentes. “Aqui pelas regiões que frequento, a cada dia que passa o número de pessoas carentes e moradores de rua aumenta.”

Ela reconhece que a falta de atuação governamental é determinante para o aumento da miséria. “Se o governo criasse mais oportunidades de emprego, não haveria tantas pessoas nessa situação.”


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