#DespejoZero

Atos promovem dia de luta contra ações de despejo e por moradia digna

Mobilizações em diversas cidades do país defendem que as ações de despejo da Justiça e dos governos sejam suspensas durante a pandemia

MST
MST
Famílias do Quilombo Campo Grande mobilizadas contra o despejo, em 19 de agosto

São Paulo – Ações de despejo executadas por governos e pela Justiça são um atentado contra setores mais vulneráveis da população nesta época de pandemia. Diante da covid-19, a moradia se tornou ainda mais essencial para os trabalhadores. Mas, ainda assim, as autoridades seguem promovendo despejos no campo e nas cidades de todo o Brasil. Recusam ao povo pobre o direito de um teto para se proteger e garantir o isolamento social, alertam os movimentos em defesa da moradia digna.

Nesta quarta-feira (12), diversos atos contra as ações de despejo e pelo direito de moradia serão realizados em diferentes cidades no país. Recife, Fortaleza, Salvador, Goiânia, Rio de Janeiro, Belém, Jaboatão dos Guararapes,  dentre outras, saem às ruas para defender esse direito dos trabalhadores. 

No estado de São Paulo, o ato será em São Bernardo do Campo, às 17h30. O Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas, juntamente com outros movimentos sociais, moradores e estudantes, se manifestam contra os despejos durante a pandemia. O ato pela moradia digna e pelo #DespejoZero se realizará com concentração na Praça da Matriz, centro de São Bernardo.

Quilombo Campo Grande

Os movimentos da sociedade também alertam sobre a crescente violência contra os territórios dos povos indígenas e quilombolas. Isso impede que milhares de famílias lutem por sua sobrevivência durante uma pandemia que não tem previsão para acabar.

Para esta quarta mesmo, está prevista a execução de um despejo no Quilombo Campo Grande, no Sul de Minas. Ali, em uma fazenda abandonada que deve R$ 300 milhões à União, 400 famílias organizadas com o MST produzem diferentes alimentos para a região. 

Em mensagem de apoio ao Quilombo Campo Grande, o teólogo Leonardo Boff lembra que a Justiça de Minas Gerais havia proibido a execução de despejos na pandemia. “Mas um juiz perverso, um dia antes de ir embora, de ser transferido, tomo a decisão de mandar a polícia lá para tirar as 400 famílias”, disse.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) também alertou sobre a necessidade de evitar o despejo de famílias do acampamento Quilombo Campo Grande, na Fazenda Ariadnópolis (MG). Ele destacou que a Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM) tem feito gestões sobre o tema. 

“Estamos correndo contra o tempo, e o risco de atrito é muito grande. Peço que a Presidência da Câmara pondere com o governo e o Judiciário mineiros para evitar este despejo”, disse Correia.

Déficit habitacional

Hoje, no Brasil, o déficit habitacional é de 7,9 milhões de famílias. Em São Paulo, a situação não é melhor. O governo Doria, as prefeituras de Bruno Covas na capital e municípios da região metropolitana não dão folga aos trabalhadores, consideram os movimentos. Nessas gestões, os números de ações de despejo das famílias pobres continuam e até aumentaram no período da pandemia. De março até aqui, mais de 2.500 casas sofreram despejo somente na capital paulista.

Em São Bernardo do Campo, a prefeitura do Orlando Morando e Marcelo Lima, já foi responsável por inúmeros despejos e deixou centenas de famílias e crianças sem-teto. E seguem ameaçando. Somente essa semana, 11 famílias da Vila Regina, foram notificadas pela prefeitura e mais de 250 famílias do Acampamento dos Engenheiros estão sob ameaça de terem suas casas derrubadas pelos tratores de Morando.  

“Por isso, o Movimento de luta nos Bairros, Vilas e Favelas e os moradores de toda região do ABC e da capital paulista ocuparão as ruas do centro de São Bernardo”, afirmam. Vão exigir dos governos e prefeituras que parem já com os despejos contra trabalhadores.

Publicado por Helder Lima