Redução de danos

Ação pede ‘medidas mínimas’ para conter pandemia em presídios

Maioria das unidades do sistema prisional de São Paulo tem racionamento de água. Faltam ainda materiais de higiene, máscaras e médicos

Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Superlotação favorece a disseminação da covid-19 nos presídios

São Paulo – O Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) entrou com ação civil pública, na última semana, para requerer o fornecimento ininterrupto de água, materiais de higiene e limpeza, além de equipamentos de proteção individual (máscara e álcool gel), nos presídios de São Paulo, durante a pandemia.

Os advogados também pedem a distribuição de alimentos e remédios, equipes médicas e o controle da entrada e saída de pessoas, como formas de conter a disseminação da doença nos presídios.

Segundo o IDDD, são “medidas mínimas” de proteção dos direitos fundamentais dessa população, diante do descumprimento de protocolos básicos para conter a proliferação da doença.

O advogado criminal e presidente do IDDD, Hugo Leonardo, diz que ação visa a proteção não apenas dos presos, mas também dos familiares, agentes carcerários e policiais. Em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual, nesta sexta-feira (21), ele destaca a falta informações sobre o número de testes realizados no sistema prisional.

A superlotação em espaços fechados, com pouca ventilação, também facilita o contágio. Por isso, o IDDD também quer a garantia de pelo menos 6 horas diárias de banho de sol em todos os presídios durante a pandemia.

“Tratam-se de ambientes fechados, úmidos, sem incidência de sol, em que também não é possível praticar o isolamento social. Essa população inexoravelmente está abandonada à própria sorte, no que diz respeito à contaminação e propagação desse vírus”, disse Leonardo.

‘Situação calamitosa’

De acordo com o Núcleo Especializado de Situação Carcerária (NESC), o racionamento de água atinge mais de 70% das prisões paulistas. No Centro de Detenção Provisória de Mauá, por exemplo, o fornecimento de água dura apenas quatro horas diárias, segundo denúncias recentes. Segundo o órgão, 69% dos presos ouvidos recebem sabonete quando precisam e a maioria das unidades não conta com distribuição de kits de higiene em quantidade suficiente.

Por outro lado, levantamento feito pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo aponta que 77,28% das unidades prisionais não possuem equipe mínima de saúde. A maior parte das prisões não conta, sequer, com um médico em seu quadro de funcionários. “É uma situação calamitosa. O Brasil é um constante descumpridor das leis, da Constituição Federal e de pactos internacionais”, afirmou o advogado.

Assista à entrevista:

Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima


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