interferência digital

Especialista defende regulação das redes sociais para proteger eleições

Professor da Uerj afirma que autoridades devem garantir a lisura das eleições. “A maneira que as redes são estruturadas permite o abuso do poder econômico”

Marcello Casal Jr/EBC
Marcello Casal Jr/EBC
Facebook anunciou a derrubada de uma rede de 73 contas, 14 páginas e um grupo nas redes sociais sob a acusação de estarem ligados a contas falsas ligadas a Bolsonaro

São Paulo – As redes sociais precisam de uma regulação que vai além do combate às fake news, já que outros fatores também influenciam processos eleitorais. A avaliação é de João Feres Junior, professor de Ciência Política da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e coordenador do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (Lemep), que abriga o site Manchetômetro.

No último dia 8, o Facebook anunciou a derrubada de uma rede de 73 contas, 14 páginas e um grupo nas redes sociais sob a acusação de estarem ligados a contas falsas. Esses perfis estão ligados ao presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, sendo usados para propagação de conteúdo político e notícias falsas para atacar opositores.

Apesar dessas ações, o especialista defende que outros pontos das redes sociais também passem por uma regulação. “Eu sou favorável que as redes sociais sejam reguladas pelas autoridades responsáveis pela lisura das eleições. A maneira que elas são estruturadas permite o abuso do poder econômico. Quando você vê gente que usa o dinheiro para criar um efeito eleitoral, como ocorreu em 2018, isso precisa ser combatido”, explica ao programa Central do Brasil, exibido na TVT.

Fragilização

Nathaniel Gleicher, diretor de Cibersegurança do Facebook, explicou que as pessoas por trás das contas tentaram “ocultar suas identidades e coordenação”, mas a investigação da rede encontrou ligações com funcionários nos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro.

Desde a pandemia do novo coronavírus, com as diversas demissões de ministros e discursos antidemocráticos, Bolsonaro se fragilizou ainda mais nas redes sociais, explica João Feres. Apesar disso, a atuação com robôs e contas falsas continuam.

“Ele sofreu um baque grande, mas continua com uma operação forte nas redes sociais. A grande parte dos compartilhamentos de quem apoia Bolsonaro é feita por robôs, mas é uma presença ainda muito forte. A últimas pesquisas apontam para um realinhamento eleitoral, ou seja, Bolsonaro perdeu apoiadores e ganhou também. Ele recebeu apoio nas classes mais baixas, por conta do auxílio emergencial”, acrescentou.

Confira a participação do professor no programa:


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