Insensibilidade

Famílias na região da Cracolândia correm risco de remoção

Poder público pressiona famílias a deixarem suas casas para prosseguir com projeto de reurbanização da Luz, no centro de São Paulo

Reprodução TVT
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Cracolândia: preocupação principal da prefeitura deveria ser a proteção das famílias

São Paulo –  A recomendação durante a pandemia é ficar em casa. Mas o governo do estado de São Paulo e a prefeitura da capital, comandados pelo PSDB, pretendem desocupar a qualquer momento áreas da chamada Cracolândia, no centro.  As duas gestões querem colocar na rua cerca de 190 famílias que moram nos imóveis da região, como mostrou nesta quarta-feira (8), reportagem de Jô Miyagui para o Seu Jornal, da TVT

“A pressão do poder público para que os moradores deixem o local é grande”, afirma a vendedora ambulante Patrícia Bantim dos Santos. “Querem remover as pessoas de uma hora para outra, sem pagar nada.” Patrícia destaca que as ações de despejo ocorrem às 5h da manhã: “Chegaram arrombando a porta e só faltou agredir as pessoas”.

A região passa por um processo de reestruturação urbana, com a construção de conjuntos habitacionais e outros empreendimentos. Mas as famílias que poderão ser removidas não têm garantias de que poderão voltar quando tudo estiver pronto.

Argumento falso

A pesquisadora Talita Gonsales acompanha o caso há mais de três anos. Ela afirma que a prefeitura pediu à Justiça urgência na desapropriação, mas com argumento mentiroso. “Eles falam que se trata de pessoas que fazem uso abusivo de drogas, caracterizado por diversas comorbidades, em especial respiratórias como tuberculose, e com rompimento de vínculos familiares e econômicos. Mas a gente sabe que essa não é a realidade dessas famílias.”

Talita diz que, de qualquer maneira, a preocupação principal da prefeitura deveria ser a proteção das famílias. E não agir para para colocar na rua. Ela destaca que a as famílias estão em situação de vulnerabilidade. 

Tribunal de Justiça

Desde o início da pandemia, pelo menos mil famílias já foram removidas no estado de São Paulo e outras 1.500 famílias estão ameaçadas, como as da região da Luz.

Por isso, a deputado estadual Beth Sahão (PT) agendou uma audiência no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo pedindo o fim das remoções no período da pandemia. O resultado foi decepcionante para ela. Faltou sensibilidade ao judiciário. 

“Mesmo em períodos de pandemia, em que as unidades de saúde recomendam às pessoas ficar em casa, não demonstraram qualquer compromisso nesse sentido e acabaram mantendo as decisões dos juízes de primeira instância”, diz.

“Mas também falta sensibilidade social ao governador de São Paulo, João Dória. Faz mais de 20 dias que os deputados estaduais aprovaram um projeto de lei que atende às necessidades das pessoas mais pobres nesta pandemia, mas até agora o governador tucano não sancionou o PL”, afirmou.

Confira a reportagem do Seu Jornal:


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