Covas tira quase mil ônibus das ruas de São Paulo em meio à abertura do comércio
Prefeito espera receber aval para abrir mais o comércio em São Paulo, mas tira os ônibus dos trabalhadores mais ameaçados pela covid-19
Publicado 25/06/2020 - 19h18
São Paulo – O governo do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), tirou hoje (25) de circulação 988 ônibus, sob alegação de que a demanda de passageiros continua baixa, apesar do processo de reabertura das atividades econômicas na cidade. A determinação contraria o Ministério Público Estadual, que, no dia 9 de junho, recomendou que a prefeitura colocasse 100% da frota em circulação, algo que em nenhum momento foi feito desde o início da flexibilização da quarentena, em 1º de junho. Com a medida, ficam em circulação 10.791 veículos – 84% da frota.
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A São Paulo Transportes (SPTrans) alega que a demanda de passageiros ficou estável em torno de 1,3 milhão de passageiros por dia, bem abaixo dos 3,3 milhões que circulavam antes do início da pandemia. A gerenciadora do transporte afirma que a medida será aplicada apenas em linhas que estão com oferta de ônibus superior à demanda e que o atendimento integral vai ser mantido em bairros mais afastados do centro e os que concentram mais casos de covid-19.
Antes disso, o governo Covas chegou a cogitar que os ônibus trafegassem apenas com passageiros sentados, o que se mostrou inviável. A exigência da medida pelo prefeito levou à demissão do então secretário Municipal de Mobilidade e Transportes Edson Caram. No entanto, no último dia 19, a nova secretária da pasta, Elisabete França, determinou a revogação da medida.
O presidente do Sindicato dos Motoristas de São Paulo (Sindmotoristas), Valdevan Noventa, considerou a decisão da prefeitura “equivocada e inadmissível”. “A redução anunciada é inadmissível. Estamos falando de uma pandemia e de ações solutivas para os trabalhadores e para a sociedade e reduzir a frota não é o melhor caminho”, afirmou Noventa.
Recomendações
O Ministério Público e a Defensoria Pública paulistas recomendaram que os sistemas de transporte por ônibus, trens e Metrô de São Paulo funcionassem com 100% da frota no processo de reabertura do comércio e dos serviços, como forma de reduzir o potencial de transmissão do coronavírus nesses espaços. Também sugeriram a criação de linhas expressas e novas linhas em bairros com muitos casos de covid-19.
Desde o início da reabertura, foram registrados vários casos de ônibus circulando lotados na cidade.
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Edição: Fábio M. Michel