Movimentos populares criam Observatório dos Direitos Humanos na pandemia
Organizações de todo o país se unem para monitorar, formular e sistematizar informações sobre violação dos direitos humanos durante a crise sanitária
Publicado 06/05/2020 - 10h57
São Paulo – Entidades e movimentos populares que atuam em diferentes frentes criaram um Observatório de Direitos Humanos – Crise e Covid-19 para fiscalizar as medidas adotadas pelo Estado durante a pandemia do novo coronavírus. A articulação nasce ainda com o intuito de monitorar, formular e sistematizar informações sobre a garantia ou a violação dos direitos humanos no enfrentamento à crise sanitária e econômica.
A Associação Juízes para a Democracia (AJD), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Coalização Negra por Direitos e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), são algumas das organizações que integram o Observatório, formado ainda por outras 13 entidades também pautadas em princípios feministas, antirracistas e de promoção da igualdade social.
O Observatório foi oficialmente lançado em debate online no final de abril. A repórter Viviane Nascimento, do Seu Jornal, da TVT, que acompanhou a divulgação da iniciativa, conversou com a coordenadora da organização Terra de Direitos, Elida Lauris, que descreveu o atual cenário brasileiro. De acordo com Elida, a pandemia evidenciou as limitações ao direito de informação, a situação de letalidade e de falta de segurança das populações mais vulneráveis, que estão relacionadas com os crescentes índices de contaminações e mortes por Covid-19 entre a população negra e periférica.
“Tudo isso são questões que quem vive no Brasil e convive com as suas desigualdades já vê há algum tempo, mas que no contexto de pandemia sofrem um agravamento e exigem atuações conjuntas”, destaca a coordenadora. Além do silenciamento de algumas populações, o Observatório também contesta a histórica falta de produção de dados oficiais e o descaso do Estado com o tema, principalmente nesse momento de crise.
Com a aliança, as organizações buscam reivindicar e obrigar os governos a informar corretamente o que está acontecendo no país. “Para solucionar essa crise é necessário levar em consideração vários aspectos. Dentre eles, aqueles que são fundamentais nesse momento, que é a garantia dos direitos humanos. É preciso resguardar o direito à vida, à saúde, à participação e às condições dignas de vida”, propõe a coordenadora da ONG Criola, Lúcia Xavier.
Todas as informações recolhidas pelo Observatório serão organizadas e disponibilizadas ao público por meio de boletins periódicos e nas plataformas da iniciativa, que conta também com um canal no Youtube.