Roda Viva

Felipe Neto: não se posicionar contra Bolsonaro é ser cúmplice do fascismo

Felipe Neto foi o convidado do “Roda Viva”, da TV Cultura e disse estar arrependido por ter endossado o golpe do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016

REPRODUÇÃO/TV CULTURA
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Felipe Neto tem 38 milhões de inscritos em seu canal no Youtube, e mais de 11 milhões de seguidores no Twitter

São Paulo – Um dos principais comunicadores digitais da atualidade, Felipe Neto foi o convidado do Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (18). Crítico do governo Bolsonaro, ele se diz arrependido por ter endossado o antipetismo no passado, principalmente durante o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, que classificou como “golpe”.

“Eu errei muito no passado e aprendi com esses erros. No momento do impeachment, que podemos chamar de golpe, a minha colaboração existiu, embora não fosse comparável ao alcance atual. Sem dúvida foi feita de maneira errada, equivocada e por falta de estudo. Passei os últimos quatro anos tentando corrigir esse erro”, disse o youtuber.

Felipe Neto tem 38 milhões de inscritos em seu canal no YouTube e mais de 11 milhões de seguidores no Twitter. Recentemente, ele lançou uma carta aberta e afirmou que os influenciadores que não se posicionam contra Bolsonaro são “cúmplices do fascismo”.

“A discussão, hoje, não é mais política. É sobre liberdade e opressão. Quando o presidente manda um jornalista ‘calar a boca’, não é mais um lado político. A gente não pode validar o fascismo”, disse Felipe Neto à bancada do Roda Viva. Qualquer pessoa sabe que Bolsonaro é uma ameaça à democracia. Não é preciso de aprofundar politicamente no assunto, é saber o que é liberdade”, afirmou.

Comunicação

Para o youtuber, as redes sociais tentam coibir a divulgação das fake news, mas o grande problema é o WhatsApp. Na semana passada, por exemplo, o Instagram ocultou uma publicação do presidente Bolsonaro sobre o coronavírus e classificou como fake news.

Na avaliação de Felipe Neto, o governo Bolsonaro, através do Gabinete do Ódio e da propagação de desinformação, faz uma comunicação impecável. “Eles focaram num público para ter uma base sólida e consistente de 30%. Eles sabem se comunicar com essas pessoas, seja de maneira legal ou questionável, como a CPMI das Fake News aponta. O governo não quer criar medidas de solução, seu papel é inflamar e promover o caos. É algo terrível, mas funciona”, disse.

Lado social

O comunicador também falou sobre sobre sua influência nas redes sociais como formador de opinião. Na avaliação dele, isso só é possível pela falta de posicionamento de outras pessoas. “A minha relevância reflete o cenário brasileiro. Quando um youtuber que faz vídeos de humor e sobre jogos se torna uma referência no Twitter, isso é um sinal claro de carência de posicionamento de pessoas”, acrescentou.

Em 2019, após uma polêmica envolvendo a ordem do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, para retirar da Bienal do Livro os exemplares do HQ Vingadores, a cruzada das crianças, Felipe Neto organizou uma ação para distribuir mais de 10 mil livros com temática LGBT. “Eu só pensava que aquilo era uma censura histórica. Fiquei desesperado e precisava pensar em alguma coisa. Eu tinha que fazer algo como homem, branco e rico.”

Apesar de ser considerado uma pessoa de sucesso no mundo digital, Neto critica o uso de sua imagem para endossar o discurso da meritocracia. “Ela é uma grande ilusão liberal criada por pessoas que querem vender sonhos, mas que lucram com a venda desses sonhos. A meritocracia só pode existir se você tiver duas pessoas nas pessoas condições. Se você compara uma pessoa branca e uma negra, mulher e homem ou ricos e pobres, você já não ter esse discurso meritocrata”, finalizou.


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