Tragédia anunciada

SP abre 13 mil covas e mil túmulos verticais para mortos devido ao coronavírus

Medida ocorre nos cemitérios da Vila Formosa, Vila Nova Cachoeirinha, São Luís e Vila Alpina. Mortos em função do coronavírus não terão velório

Sindsep
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Mil túmulos pré-moldados, específicos para mortos devido à pandemia do coronavírus, chegaram hoje ao cemitério da Vila Alpina

São Paulo – A prefeitura de São Paulo anunciou hoje (23) a construção de 13 mil túmulos para atender à crescente demanda de enterros de mortos por coronavírus na capital paulista. Esses enterros devem ter os procedimentos agilizados para evitar contaminação.

Serão 8 mil no Cemitério da Vila Formosa (zona leste), 2 mil no Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha (zona norte), e 3 mil no Cemitério São Luís (zona sul). Essa estrutura vai possibilitar até 400 enterros por dia – o pico diário na cidade é de 300, durante o inverno. Além disso, uma estrutura de túmulos verticais biosseguros, específica para vítimas de covid-19, está sendo construída no Cemitério da Vila Alpina, região sudeste da cidade, com mil sepulturas pré-moldadas.

Velórios proibidos

O prefeito Bruno Covas (PSDB) destacou que é necessário estar preparado para a evolução da pandemia de coronavírus na cidade, que é epicentro dos casos no país. “A prefeitura não pode não estar preparada para um cenário de maior dificuldade. Tomara que a população colabore cada vez mais, para que não tenhamos que usar toda essa estrutura, mas isso vai depender da colaboração das pessoas”, disse Covas. Em todo o estado, são 16.740 casos confirmados e 1.345 mortos por coronavírus, a maioria na capital. Nas últimas 24 horas ocorreram 211 mortes.

As medidas fazem parte do Plano de Contingência para o Serviço Funerário da prefeitura de São Paulo. Como parte do plano, os sepultamentos fora do horário convencional – após as 18h – estão liberados e serão totalmente suspensos os velórios para mortos em função de covid-19, a partir do sábado (25). As homenagens de familiares serão autorizadas em estruturas instaladas nos cemitérios, próximas ao local da sepultura.

Serviço sucateado

A prefeitura também contratou os serviços de 13 retroescavadeiras, para agilizar a abertura de túmulos, e 20 carros funerários. No total, a prefeitura já gastou R$ 15,8 milhões em ações emergenciais no serviço funerário, por conta da pandemia de coronavírus. Foram contratados 220 agentes sepultadores emergencialmente e a prefeitura pode contratar mais 200 se a cidade superar 400 sepultamentos por dia. Covas também autorizou a compra de 38 mil urnas funerárias para atender a capital paulista nos próximos meses.

O Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) criticou o governo Covas por não ser transparente quanto à estimativa de mortes e por ter sucateado o serviço funerário com vistas à privatização. Segundo o sindicato, o gasto emergencial com a contratação de 220 agentes sepultadores (R$ 8,9 milhões) é quase um terço do gasto anual com 900 trabalhadores do serviço (R$ 25 milhões).


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