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Pandemia escancara comodismo do jornalismo comercial no Brasil

Jornalista, sociólogo e escritor Lalo Leal Filho mostra que a mídia estrangeira ainda é a melhor fonte de informações sobre o Brasil

Arquivo pessoal/Twitter - Barão de Itararé/Reprodução
Arquivo pessoal/Twitter - Barão de Itararé/Reprodução
Com isolamento social rigoroso, Argentina registra baixos índices de contaminação e óbitos pela covid-19, mas assunto não desperta interesse da mídia brasileira, mostra Lalo Leal

São Paulo – Em vídeo gravado para o canal do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, o jornalista, sociólogo e escritor Lalo Leal Filho aponta que, para a mídia tradicional brasileira – que segue concentrada em poder de algumas poucas famílias –, “o importante não é o que ela divulga, mas o que ela esconde”, de acordo com seus interesses comerciais e políticos. A íntegra do vídeo, de cerca de cinco minutos, pode ser vista abaixo.

Já no início de sua exposição, Lalo lembra que, na ditadura civil-militar (1964-1985), para se saber o que ocorria de fato no cenário político e social brasileiro era precisa consultar a mídia estrangeira. “A censura era implacável. Para se ter ideia, uma epidemia de meningite em São Paulo, nos anos 1970, não pôde ser noticiada. É incontável o número de casos que poderiam ter sido evitados se a informação circulasse livremente.”

A partir desse relato, o professor compara o recente passado brasileiro de censura e opressão aos dias atuais – de desinformação – a partir de uma reportagem do jornal britânico The Guardian sobre a pandemia da covid-19. “Ouvindo médicos e especialistas, o periódico reportou a enorme subnotificação de casos de coronavírus no Brasil”, descreve.

Para entender as razões para que o jornalismo praticado pela mídia comercial brasileira não faça o devido trabalhalho de investigação e esclarecimento da população, Lalo afirma que há muito tempo nossa imprensa tradicional “deixou de investigar temas políticos delicados, salvo raras exceções”.

O professor aponta outros vícios dos serviços de informação nacionais, como o chamado jornalismo declaratório, em que “frases entre aspas de uma fonte são consideradas suficientes para esgotar um assunto” e da ausência de relatos de países que têm alcançado sucesso na contenção da epidemia pelo coronavírus, caso da Argentina, em que o presidente Alberto Fernandez tem liderado a nação a manter o isolamento social, com o respectivo crescimento de sua popularidade.


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