Medo

Rapper do Rio sofre ameaças após vídeo de PM ligado ao MBL

Borges teve seus dados e de seus familiares divulgados, incluindo o endereço residencial, após publicação de Gabriel Monteiro

REPRODUÇÃO
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Borges diz que não pode sair de casa, por ordem de seu advogado, e prometeu abrir um processo contra Gabriel Monteiro

São Paulo – O rapper Borges, do Rio de Janeiro, virou alvo de ameaças de morte após o policial militar Gabriel Monteiro, youtuber ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), publicar vídeo contra o artista, nesta segunda-feira (30). Após a publicação, o rapper teve dados pessoais e de seus familiares divulgados, incluindo o endereço residencial e documentos de identidade. Desde a noite de ontem, ele relata que recebe mensagens com ameaças de morte e agressão.

“O cara foi covarde, usou termo um sensacionalista pra ferrar com a minha família. Todos meus dados e dos meus pais estão na internet, inclusive em grupos de pessoas que querem fazer maldade comigo. Desde ontem estou recebendo ameaças”, disse ele.

Em uma prévia da sua próxima música, Borges criticou Gabriel Monteiro, dizendo que “esculacharia” – afastado da função por conta de má conduta na corporação – e devido aos conteúdos de suas postagens. Entretanto, na resposta publicada, o youtuber chama o artista de “marginal” e “bandido”.

Borges diz que não pode sair de casa, por orientação de seu advogado, e promete abrir um processo contra Gabriel Monteiro. “A que ponto a covardia essa chega? Tentar encostar na minha família foi o cumulo. Esse cara é muito sujo. Tenho provas de que estão tentando acabar com a minha vida por causa do vídeo dele”, relatou.

O assunto foi um dos mais comentados do Twitter, por volta das 13h desta terça-feira (31). Fãs e artistas destinaram mensagens de apoio ao rapper. “Sempre achei bizarro o fato desse PM tentar dizer o que é certo ou errado, dessa vez limitando a liberdade de um artista negro, favelado e em ascensão, além de ameaçar a família”, publicou o cantor e compositor Chris MC.

Gabriel Monteiro

No início de março, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) tirou a posse de arma e abriu investigação contra Gabriel Monteiro, que pode ser expulso da corporação. O soldado é acusado de “desrespeitar” o ex-comandante-geral da corporação, coronel Íbis Silva Pereira.

Segundo a PM, Gabriel Monteiro possui quatro anos na corporação e já respondeu a mais de 70 faltas disciplinares – a maioria delas por falta ao serviço. “De acordo com o Regulamento Disciplinar, seu comportamento é classificado como mau, com 16 punições em sua ficha”, diz a nota da corporação.

A corporação acrescenta que o policial responde à Comissão de Revisão Disciplinar (CRD) por apresentar “conduta irregular, propagando críticas e palavras ofensivas contra integrantes da Corporação, sem apresentar provas, em suas mídias sociais, agindo em desacordo com as normas vigentes da PMERJ”.