Jornada de Luta

Agricultores sem-terra ocupam prédio do Incra em Porto Alegre

Com ações também no interior de São Paulo, MST e MPA cobram dos governos federal e estaduais o destravamento das políticas de reforma agrária

Divulgação/MST
Divulgação/MST
Situação dos agricultores no RS foi agravada por estiagem que quebrou a produção de grãos e leite

São Paulo – Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) ocuparam na manhã desta segunda-feira (9) o pátio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Porto Alegre. A ação na capital do Rio Grande do Sul faz parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Os camponeses pedem o destravamento da política de distribuição de terras, que foi totalmente obstruída pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo o coordenador nacional do MST Ildo Pereira, a pauta de reivindicações dos pequenos agricultores foi “completamente esquecida pelo governo federal”. “Esse governo não tem interesse que o tema da reforma agrária esteja na agenda. Além das famílias acampadas, tem outros programas que eles estão restringindo”, afirmou aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual.

Em todo o país, são cerca de 80 mil famílias acampadas. No Rio Grande do Sul, são 12 mil famílias que aguardam definição sobre regulamentação das áreas ocupadas. No estado, a situação é agravada, segundo Ildo, por estiagem que provocou a quebra de 50% da produção de grãos e 80% do leite das famílias dos pequenos agricultores.

Desmonte

Os trabalhadores protestam ainda contra outras medidas adotadas pelo governo Bolsonaro, como a extinção do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), voltado para os filhos das famílias dos pequenos agricultores.

Uma das faixas levadas pelo grupo que ocupa a sede do Incra, que traz a inscrição “Bolsonaro Governo da Morte”, também faz menção à política de liberação acelerada de agrotóxicos. Ildo destaca que a aplicação de veneno nas lavouras do agronegócio ameaçam a saúde da população.

São Paulo

Também na manhã desta segunda-feira, os sem-terra ocuparam áreas utilizadas ilegalmente para o despejo de rejeitos industriais e agroindustriais na manhã desta segunda-feira (9), em Jardinópolis, município da região metropolitana de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, como parte das ações da Jornada de Lutas Pela Reforma Agrária.

Segundo o MST, a área da antiga Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), hoje administrada pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), também vem sendo usada para a produção ilegal de cana-de-açúcar. O movimento reivindica que o terreno, bem como as demais terras públicas no estado sejam destinadas para fins de reforma agrário.

No estado, o MST também reivindica a regularização dos assentamentos Alexandre Kollontai, em Serrana, Paulo Botelho, em Ribeirão, Vanderlei Caixe, em Salles de Oliveira, e Irmã Dorothy, em Restinga.

Ouça a entrevista na íntegra