abuso de autoridade

‘Polícia existe para coibir crimes, não para praticar’, diz advogada

Videos mostram um PM agredindo uma mulher grávida, no interior paulista, e outro batendo num jovem, durante abordagem na Bahia

REPRODUÇÃO
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São Paulo – Vídeos com agressões de policiais contra a população ‘viralizaram’ durante a semana no Brasil. Em um deles, um policial militar agride uma mulher grávida, durante uma abordagem, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Já em outra gravação, um PM dá socos e chutes em um jovem que estava encostado em um muro, sendo revistado, em Salvador, além de proferir insultos racistas.

“A situação é criminosa. De um lado, temos uma violência física contra uma grávida e, do outro lado, a violência racial contra o rapaz. Tudo isso cria um espanto grande porque a polícia militar existe para coibir os crimes, não praticar”, criticou a assessora de Litigância Estratégica do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), Clarissa Borges, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, do Jornal Brasil Atual.

Segundo Clarissa, a violência policial é traumática. “Há uma pesquisa que mostra que os brasileiros não confiam na polícia, principalmente a população mais vulnerável”, acrescentou.

Na agressão contra a mulher, em São Paulo, o boletim de ocorrência aponta que os policiais justificam a ação por conta de um possível crime de tráfico de drogas. A especialista lembra que, como grande parte dos processos criminais são baseados unicamente no testemunho policial, esse tipo de abordagem é legitimada.

“A palavra do policial é a única prova produzida, afim de gerar uma condenação. Os policiais são autoridades públicas que estão exercendo a sua função e, ao mesmo tempo, comprometidos com a legalidade dela. Quando colocamos o testemunho deles como prova, ele tende a corroborar com a atividade que realizou. Isso fragiliza a prova”, alertou.

Ouça a entrevista