Perus

Juiz espera conclusão de análise de ossadas em 2021

Técnicos já coletaram amostras de maior parte do material encontrado em vala clandestina. Todas as 1.049 caixas foram abertas

Assessoria TRF3
Assessoria TRF3
Tribunal reuniu representantes da União, prefeitura paulistana, Unifesp e familiares de mortos e desaparecidos

São Paulo – Responsável pelo processo das ossadas de Perus, o juiz Eurico Zecchin Maiolino, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), em São Paulo, acredita que a análise do material seja concluída até o ano que vem. “Embora surjam problemas, decorrentes, sobretudo, do financiamento para identificação dos remanescentes ósseos, o trabalho não foi interrompido e a perspectiva é que ele seja concluído, com a análise genética, no fim de 2021”, afirmou, durante audiência de conciliação realizada ontem (13). O tribunal faz reuniões periódicas para monitorar o trabalho, conforme acordo firmado em 2017, em ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF).

No final do ano passado, o governo federal tentou tirar as ossadas de São Paulo – o material está sob responsabilidade do Centro de Antropologia e Arquelogia Forense (Caaf), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O Ministério Público e o Judiciário, além de familiares de mortos e desaparecidos e da própria Unifesp, questionaram os motivos da pretendida mudança. Pressionado, o governo desistiu da ideia, pelo menos temporariamente.

Em dezembro, a equipe do Caaf abriu a última das 1.049 caixas encontradas na vala clandestina descoberta em 1990 no Cemitério Dom Bosco, em Perus, região noroeste da capital paulista. Segundo relatado na audiência de ontem, foram extraídas amostras de 750. Em 26% das caixas, foram encontrados ossos de mais de uma pessoa. Agora, será preciso analisar se esse material é de indivíduos já encontrados ou novos.

Representante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos, Amelinha Teles cobrou transparência. “Queremos acesso às informações.” O Caaf deverá realizar reuniões periódicos, pelo menos a cada três meses, para falar sobre o andamento dos trabalhos.

Também participaram da audiência, entre outros, procuradoras da República, advogados da União, representantes da Unifesp e do Caaf, da prefeitura de São Paulo, dos ministérios da Educação e da Mulher, Família e dos Direitos Humanos. Estes dois últimos garantiram liberação de recursos. A próxima foi marcada para 16 de abril.

Com informações do TRF3