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Aparelhamento da Fundação Palmares é ataque ao povo negro, diz Uneafro

Para coordenadora da Uneafro, a Fundação Palmares é um reduto nacional de preservação da cultura e da história da população negra

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Negador do racismo, Sérgio Camargo assumiu a Fundação Palmares com o objetivo de desmontar um órgão fundamental à cultura negra

São Paulo – O aparelhamento da Fundação Palmares, promovido pelo governo Bolsonaro, busca eliminar o principal centro de preservação e apoio à cultura, história e religiosidade do povo negro no Brasil. Essa é a avaliação de Elaine Mineiro, coordenadora do Núcleo de Base da Uneafro Brasil. “A população negra encontrou na cultura, no carnaval, no samba, nas religiões de matriz africana, uma maneira de preservar sua história, sua origem, sua cultura. É fundamental que uma instituição como a Fundação Palmares defender essa cultura, essa história. E esse ataque vem justamente nesse lugar onde a população negra conseguiu acolher a sua história”, afirmou, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Ontem (27), o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Nascimento de Camargo, demitiu funcionários negros para, segundo disse, montar uma equipe de extrema- direita. “A notícia que temos é que ontem, por volta das 10h, ele ligou para quatro funcionários e, por telefone, demitiu. Quando questionado sobre isso, ele falou que quer seguir a linha do antigo chefe dele, que é o Roberto Alvim – demitido após fazer um vídeo incitando o nazismo –, que o indicou para estar ali na Fundação Palmares. Isso demonstra uma clara intenção de ataque ao movimento negro, a todas as pessoas”, disse Elaine.

Para ela, a ideia do governo é justamente alinhar pessoas que passem uma imagem de que as ações não têm cunho racista, mas são simplesmente técnicas. Por isso escolheram alguns homens negros para reproduzir o discurso e aplicar as medidas que interessam ao governo no desmonte de políticas públicas e instituições voltadas ao povo negro, como no caso da Fundação Palmares. A nomeação de Camargo chegou a ser suspensa pela Justiça, mas acabou liberada.

“São pessoas colocadas justamente para fazer esse ataque ao movimento negro, que é uma das organizações mais fortes e que tem mais conquistas nesse país. Seria muito difícil para esse governo dizer-se contrário à população negra, ao movimento negro. Então eles precisam de negros que sirvam às ideologias, que acolhem o ideário racista deles. A ideia é que eles possam permanecer racistas fingindo que não são. A gente conseguiu muitos avanços. E nos últimos tempos a gente tem conseguido um avanço cultural, que é estético, inclusive. E isso acaba frustrando as pessoas racistas”, disse a coordenadora da Uneafro.

Confira a entrevista completa


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