Vazios

Assim como Bruno Covas, Doria reduziu ações contra enchentes

Em 2019, o Daee investiu cerca de 40% do orçamento para evitar enchentes e executou menos ações de desassoreamento do rio Tietê

Divulgação/DAEE
Divulgação/DAEE
Obras nas calhas dos rios Tietê e Pinheiros, que cortam a capital paulista, receberam menos investimentos da gestão Doria, apesar de a verba estar disponível

São Paulo – O governo João Doria (PSDB) reduziu ações para combater enchentes no rio Tietê no ano passado. Dados do orçamento estadual e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) indicam que o governo paulista investiu apenas 40% do orçamento previsto para desassoreamento e limpeza do rio Tietê. Como consequência, foi retirada apenas a metade da quantidade de lixo e detritos que vinha sendo retirada nos anos anteriores. Na última segunda-feira (10), as fortes chuvas que caíram sobre a capital paulista fizeram o rio transbordar, provocando um dos maiores alagamentos da história da cidade.

O orçamento paulista indica que o montante destinado a ações de combate a enchentes no Tietê era de R$ 760 milhões – mas apenas R$ 301 milhões foram investidos. Segundo dados do Daee, foram retirados 409 mil metros cúbicos de lama, detritos e lixo do Tietê, em 2019. A média anual entre 2016 e 2018 foi de 800 mil metros cúbicos. Além disso, a implantação de um sistema de drenagem e combate a enchentes tinha R$ 212,8 milhões previstos, dos quais R$ 84,9 milhões foram aplicados, o que representa cerca de 30%.

A situação é semelhante à da prefeitura de São Paulo, revelada pela RBA na segunda. 

O desassoreamento objetiva retirar lama, lixo e outros detritos do fundo do canal do rio. Sem essa ação, a vazão do rio diminui, contribuindo para enchentes e alagamentos. Ainda segundo o Daee, em 2016 foram retirados 672 mil metros cúbicos de detritos do Tietê. Em 2017 foram 958,5 mil metros cúbicos, e em 2018, 778 mil.

Apesar de as ações terem sido executadas em maior volume nos anos anteriores, a execução de orçamento prevista para o combate às enchentes ficou muito abaixo do proposto – e do necessário. Em 2016, no governo de Geraldo Alckmin, também do PSDB, estavam orçados R$ 975 milhões para essa função, mas apenas R$ 289 milhões foram investidos. Em 2017, de R$ 800 milhões, foram gastos R$ 481 milhões. Já em 2018, o orçamento cresceu para R$ 1 bilhão, mas teve somente R$ 534 milhões investidos.

Além disso, o Tribunal de Contas do Estado  (TCE) de São Paulo divulgou que, nos últimos nove anos, foram estabelecidas 31 contratações de empresas para ações de limpeza e despoluição do rio Tietê, mas apenas seis concluídas. Do total, três não foram iniciadas, duas encontram-se rescindidas e quatro estão suspensas.

No rio Pinheiros a situação não é diferente. A média de retirada de detritos nos últimos cinco anos vinha sendo de 500 mil metros cúbicos por ano. No ano passado foram 322 mil. No caso da verba disponível, o gasto foi mais próximo do estimado. Dos R$ 99 milhões previstos, foram investidos R$ 79 milhões no desassoreamento do rio. Especificamente no ano passado, foram R$ 19,5 milhões, dos R$ 25 milhões disponíveis.


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