Antissistema

Livro destaca a resistência feminista em tempos de neoliberalismo

Mercado capitalista tenta se apropriar e ditar as normas do feminismo, segundo a coordenadora da Sempreviva Organização Feminista (SOF) Nalu Faria

Mídia Ninja
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No Brasil e nos Estados Unidos, movimento feminista avança em reação ao conservadorismo

São Paulo – Ao mesmo tempo em que a direita conservadora avança, no Brasil e no mundo, o movimento feminista também vem conquistando cada vez mais espaço. No última sábado (18), milhares de pessoas participaram da Marcha das Mulheres em diversas cidades dos Estados Unidos. É a quarta edição da mobilização que ocorre anualmente. A primeira ocorreu em 2017, um dia depois da eleição de Donald Trump, que se destacou pelo discurso misógino durante a campanha. No Brasil, as mulheres também protagonizaram o movimento #EleNão e foram às ruas para tentar barrar a eleição de Jair Bolsonaro.

O crescimento do movimento feminista e os seus desafios da luta antissistêmica são temas do livro Feminismo em resistência: crítica ao capitalismo neoliberal. Trata-se da última edição da série Economia e Feminismo dos Cadernos Sempreviva, publicados pela Sempreviva Organização Feminista (SOF), disponível online gratuitamente.

A psicóloga Nalu Faria, coordenadora da SOF e integrante do comitê internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), afirma que a obra busca conciliar reflexões e análises com a própria ação feminista. “A gente busca refletir, nesse momento de avanço do conservadorismo e da direita, como houve também um crescimento do feminismo nos últimos anos. E como as forças do capital têm tentado cooptar as agendas feministas, colocando num patamar mais banalizado ou tentando tirar o seu conteúdo mais crítico e radical”, afirmou Nalu em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Nahama Nunes, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (20).

Segundo Nalu, muitas empresas tentam embarcar na onda do empoderamento feminino, mas este é vendido como uma conquista individual. Ela explica que não basta às mulheres chegarem a posições de destaque no mundo empresarial. Esse tipo de política não apenas não inclui todas, como faz aumentar a diferença entre as mulheres, criando até mesmo um tipo de “padrão de beleza” necessário para “vencer” no mundo corporativo. Por isso ela defende a necessidade do fortalecimento dos movimentos feministas de cunho crítico ao capitalismo.

Além de Nalu, também escrevem a obra a ativista estadunidense Cindy Wiesner, coordenadora nacional da Aliança por Justiça Global Grassroots – que oferece uma perspectiva do movimento feminista nos Estados Unidos – e a cientista política Clarisse Goulart Paradis, professora do Instituto de Humanidades e Letras da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB/Bahia), que trata da relação da prostituição das mulheres e o sistema capitalista.

Confira a íntegra da entrevista

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