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Afundamento do solo feito pela Braskem tira de casa 20 mil moradores de Maceió

Mineradora, que explora sal-gema na região, criou instabilidade no solo e pagará R$ 1,7 bilhão pela remoção das famílias

BRASIL DE FATO
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A Braskem explora sal-gema, substância utilizada na fabricação de soda cáustica e PVC, em Maceió desde a década de 1970. Um estudo do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) constatou que a ação mineradora na região resultou em três fissuras de 1,5 km cada uma

São Paulo – Aproximadamente 20 mil pessoas, que vivem em 4,5 mil casas em Maceió, serão removidas de quatro bairros da cidade, devido ao afundamento do solo. Responsabilizada pelo problema, a mineradora Braskem firmou acordo com o Ministério Público Federal e vai pagar R$ 1,7 bilhão para retirar todos os afetados nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto.

A Braskem explora sal-gema, substância utilizada na fabricação de soda cáustica e PVC, em Maceió desde a década de 1970. Um estudo do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) constatou que a ação mineradora na região resultou em três fissuras de 1,5 km cada uma. Essa atividade, teria gerado instabilidade no solo.

José Geraldo Marques, biólogo, morador do Pinheiro e ex-secretário Executivo de Controle da Poluição no final da década de 1970, viu o começo dos trabalhos da Braskem e já previa os danos. “Depois que me tiraram da pasta, dei uma entrevista num jornal e disse que, em alguns anos, se furassem esses poços irresponsavelmente, iríamos ter subsidências (afundamento gradativo da superfície da terra), em Maceió”, lembra ele, em entrevista ao repórter Otávio Lemos, do Brasil de Fato, em matéria exibida pela TVT.

Exploração do desespero

A notícia de que a mineradora Braskem removerá 17 mil pessoas que vivem em 4,5 mil casas nos quatro bairros provocou uma corrida em busca de imóveis no município e o setor reagiu aumentando o valor da locação em até 20%, de acordo com a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi-AL).

Geraldo Vasconcelos, líder da Associação SOS Pinheiro, explica que ação da Braskem é um crime que se arrasta há 44 anos, mas que só se apresentou na superfície, em 15 de fevereiro de 2018, após fortes chuvas na região. “Então, várias ruas abriram crateras e as casas começaram a rachar”, contou.

No dia 3 de janeiro deste ano, o Ministério Público Federal, o Ministério Público de Alagoas e as Defensorias Públicas da União e do estado de Alagoas anunciaram um acordo com a Braskem. A empresa se comprometeu em pagar R$ 1,7 bilhão pela remoção das 17 mil pessoas e um auxílio aluguel no valor de R$ 1 mil por seis meses.

Eles tiveram a irresponsabilidade criminosa de explorar as sal-gemas no solo urbano sob uma falha geológica e ainda negam. Apesar desse acordo que o Ministério Público fez, sem consultar a população, a Braskem ainda disse que não é culpada. Não sei onde vai parar isso, mas é Justiça brasileira precisa ser mais célere para bater o martelo para dizer que a Braskem é a culpada”, critica Vasconcelos.

O líder do bairro acrescenta que não explicações sobre os motivos do afundamento dos bairros. “Estima-se que seja problema geológico e, sim, é um problema geológico, mas induzido pelo homem e pela extração mineral de sal no bairro do Mutange.”

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